terça-feira, 16 de dezembro de 2003

Ontem revi O Homem que Copiava com Guiom, e, claro, morremos de rir com o Pedro Cardoso. Os extras do dvd não são muito bons não e o making-off é altamente decepcionante.

Antes de ontem vi As Luzes de um Verão de Tran Anh Hung. O filme é vietnamita e a estória se passa na Hanói dos dias de hoje. Apesar disso o filme é super tradicional; os cenários, os diálogos e os costumes revelados poderiam integrar um filme ambientado no início do século XX. As paisagens e a música do Vietnã são lindas e eu fiquei encantada. Recomendo, recomendo. Mas, vale a mesma regra de sempre: só assista se você curte cinema asiático, pois o filme é lento, não tem muito da lógica ocidental e termina no meio de uma cena.

Ontem eu e guiom fomos dar uma olhadinha nas alianças (as de casamento, de ouro) no shopping que fica bem aqui dentro de casa. Ficamos a tarde inteira pra fazer praticamente só isso. Por alguns momentos tive a impressão de que todas as pessoas do universo estavam fazendo compras no Manaíra Shopping. Entre outras coisas, é por isso que não gosto muito do Natal...

Antes de ontem fomos na nova casa de Paintball da cidade (aquele jogo de guerra em que as pessoas se dividem em equipes e usam coletes e capacetes e tentam derrotar o inimigo usando armas cuja munição são balas de plástico com uma tinta colorida dentro, num galpão que imita um campo de batalha, cheio de montes de sacos de areia). Pois é, fomos lá com os franceses, os daqui e os de Campina Grande, e mais Adelaide e Janice, que são namoradas de franceses que nem eu. Eu e Janice ficamos só olhando; os outros formaram duas equipes, ao todo eram sete, e Guiom ficou na equipe das meninas, Adelaide e Julie, uma das francesas. Eu e Janice torcemos por eles, é claro, mas as duas meninas morriam super rápido, apesar dos esforços de Guiom e de Nicolas, o outro membro. Foi engraçado, e nós rimos em muitos momentos, mas depois fiquei pensando no potencial de incentivo à violência que tem esse jogo. E pensei: que bom que eu não trouxe João, que já é violento demais pro meu gosto, graças ao apoio de Power Rangers, Dragon Ball Z, Jack Chan, Samurai Jack e muitos outros.


João e a pressão social ¿ parte 1

- Mãe, eu não gosto muito daquela escola não...
- Por que, filho?
- Porque toda vez que eu vou pra natação com a sunga do Flamengo, aqueles meninos grandes ficam rindo, dizendo: hahaha, o Flamengo é o time mais peba do mundo!

(Hoje depois de uma pesquisa encontrei um livro chamado Eliminando Provocações. Acho que vou comprar pra me ajudar a ajudar João.)

sábado, 13 de dezembro de 2003


Eu sempre adorei dançar. Passei a infância inteira fazendo balé e ginástica rítmica. Cresci e a tara nunca passou. Quem me conhece sabe que eu não posso ouvir um sino tocando que vou logo me balançando. Esse ano eu e Milena criamos coragem e começamos a fazer dança do ventre. Mas as aulas foram pro brejo porque eram no sábado e nós duas, claro, não conseguíamos deixar de cair na farra na sexta e ir pra cama só às cinco da manhã. É uma pena mesmo porque me faz falta. Andei pensando nisso esses dias e por coincidência dou de cara com uma matéria na National Geographic sobre a dança que é a alma de Buenos Aires. Sempre achei que o tango era uma das danças mais legais o mundo. Aliás, acho que o tango é uma das coisas mais legais da Argentina no geral, uma das poucas, na verdade; quer dizer, depois da Mafalda e do Jorge Luis Borges, dois dos meus maiores amores na vida. Fiquei impressionada com a matéria, com o texto intimista e com as fotos, sensuais e trágicas. E com uma vontade enorme de aprender a dançar tango.

Mi e Ailton: não deixem de ver nessa edição da revista as fotos tiradas com a nova super câmera do telescópio Hubble. Só lembrei de vocês (e empresto pra quem quiser).



Festas, festas, festas...
Ontem fui a duas festas de Natal, uma dos arquitetos, outra dos franceses. O engraçado foi que eu e Guiom saímos de uma festa pra outra e depois pra outra de novo e acabamos chegando no fim das duas. Mas foi legal rever todo mundo, reencontrar um amigo nosso que voltou da França (um dos arquitetos) e conhecer três alemães muito engraçados. Tou até maquinando uma pelada brasileiros/franceses/alemães... Difícil vai ser dividir os times.




João, inspirado:

- Mãe, um dia eu queria ir no ¿Espaço-porto¿.
- João, esse negócio não existe de verdade, só no desenho...
- Existe sim, mãe... existe na minha imaginação.
- Ta bom então; tu pode ir nele dentro da tua imaginação, pronto, resolvido.
- Mas mãe... como é que eu posso entrar dentro da minha própria imaginação se ela já ta dentro de mim mesmo?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2003

Ontem recebi um telefonema de um amigo dos tempos de colégio (só esclarecendo: conheci essa galera há 10 anos e não estudamos juntos desde 1997). Minha turma organizou um churrasco e apesar de ter sido convidada em cima da hora resolvi ir. Foi engraçado, e nostálgico, claro. Ouvimos as mesmas músicas que ouvíamos quando éramos adolescentes e rimos de nossas lembranças. Lá pras tantas me dei conta que ninguém mudou quase nada apesar dos anos passados. Quase todo mundo se formou e quase casou, e todos continuam os mesmos. Menos eu. Não sei porque, mas acho que sou uma pessoa totalmente diferente de quando tinha 16 anos. E, sinceramente, sou uma pessoa melhor. Não trocaria meus 23 anos por nada, nem por 16, nem 18, nem 20. E apesar de ainda adorar meus amigos da escola, vi que não tenho mais muita coisa em comum com eles...

Esqueci de dizer, levei João pro churrasco. Foi engraçado porque todo mundo viu ele bebê, ou não viu, e assim, ninguém conhecia ele, nem me conhecia mãe. Fiquei pensando nisso depois. Concluí que eu não sei como era ser eu sem ser mãe do meu pequeno. É como se João fizesse parte da minha personalidade, do meu jeito de ver o mundo e pensar a vida. Como se mesmo fora de mim ele ainda fosse um pouco eu. Bom, não sei se me faço entender. Não sei explicar. Só sei que sem João, as coisas todas não têm nem a metade do sentido e da graça. E quem conhece João sabe quanta graça ele consegue ter quando quer.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2003

ATENÇÃO: POST GIGANTE (MAS É SOBRE JOÃO, VIU?)

Se você é mãe ou pai, você sabe bem como é. Se você não é, você deve lembrar de como era quando você era criança. Afinal, a vida é assim. Você nasce, um bebezinho gorducho que chora o tempo todo; você cresce um pouquinho e começa a pesar sobre você a coerção social. Você entra na escola. Primeiro, o maternal; é legal você canta e modela cobras com massinha. Depois vem o Jardim 1, aí o bicho pega. Não é mais só brincadeira, agora as aulas têm conteúdo.

Até que um lindo dia ela chega. Pesadelo de 11 entre 10 pais, ela vem; sorrateira, dissimulada, indefectível, inevitável. No começo, uma coisinha à toa... Você mal sabe que é só o início de uma tortura lenta, gradual e pentelha, que te perseguirá por longos anos.

No caso de João, não foi um início muito tranqüilo não. Esqueci de mencionar: João estuda numa escola supercabeça que eu amo, mas que às vezes força. (às vezes eu acho que grande parte da culpa por João ser assim tão figura é daquela escola; a outra parte deve ser minha culpa, claro; imagina, uma criança ter uma mãe assim como eu... não me perguntem como é ser uma mãe como eu, não sei conceituar, só acho que não sou uma mãe muito convencional não...).Enfim, retomando: a primeira tarefa de casa de João foi narrar a estória contida numa tirinha, era a de um burrinho que caía cansado de tanto carregar pedras (olha o conteúdo sócio-ideológico do negócio); depois disso a criança deveria construir uma balança com a mãe (ou o pai) para verificar o peso das coisas. Deu um trabalhão fazer uma balança com um cabide e pratos descartáveis, mas tudo bem; achei a tarefa bacana e fiquei animada. O problema é que depois começou a piorar. O clímax foi uma tarefa em que a criança deveria colar fotos do seu aniversário e refletir com os pais sobre a importância de celebrar a vida e a importância de existir, de estar aqui nesse mundo.

Ontem cheguei na escola e a professora de João me mostrou uma foto tirada durante uma aula; eles estão desenvolvendo um projeto chamado Vida de Peixe (cada semana é um projeto assim: Vida de Formiga, vida de Pedra etc...); então, a foto era de todo mundo deitado no chão com uma rede sobre eles, era uma vivência... A tarefa de ontem até que não era horrível não, contar uma estória depois de observar a figura; o problema é que João sim é horrível: contou uma estória de duas páginas. Mesmo assim, toda vez que escuto a frase Mãe tem tarefa de casa hoje, sinto calafrios.

sábado, 29 de novembro de 2003






Filmes, filmes, filmes...

Dos últimos que eu vi em dvd, 5 merecem elogios especiais. Todos são belos, tocantes e originais, com fotografias bem cuidadas, atuações célebres, locações de tirar o fôlego. Amei todos eles. Recomendo, recomendo, recomendo. Quer dizer, se você não gosta de cinema europeu ou latino americano, esqueça mesmo. Aí vai:

1. Amores Brutos ¿ Alejandro Gonzalez Iñarritu, México
2. A Princesa e o Guerreiro ¿ Tom Tykwer, Alemanha
3. Lucia e o Sexo ¿ Julio Medem, Espanha
4. Sob a Areia ¿ François Ozon, França
5. O Filho da Noiva ¿ Juan José Campanella, Argentina


João e a noção de quantidade e proporção:

- João, eu trouxe sua escova de dentes pra esse banheiro porque tinha muitas baratas no outro.
- Como assim muitas? Muitas mesmo?
- Sim, João, muitas, algumas, sei lá!
- Muitas ou algumas?
- Não sei mesmo, João, que saco! Muitas!
- Muitas? Milhares? Uma multidão, um batalhão, um exército de baratas em cima da minha escova?

quarta-feira, 12 de novembro de 2003

João, ontem, hoje, como sempre...

(Cenário: eu e Guiom jogando Master no meu quarto)
- Posso jogar?
- Esse é um jogo de adultos, João.
- Então faz uma pergunta que eu sei responder...
- Tá: como é o nome do príncipe da Bela Adormecida?
- Príncipe Felipe!
- Muito bem! Agora deixa a gente jogar.
(Meio minuto depois)
- Ô mamãe! Demora muito pra eu ficar adulto!


Eu, ontem depois de uma discussão acalorada com João sobre deixar ou não ele levar brinquedos novos pra escola:
- Que droga isso, João! Eu queria que nenhuma criança nunca mais levasse brinquedo nenhum pra sua escola pra ver se você esquecia essa estória! (Depois disso fui pro cinema aborrecida e sem falar com ele.)
Hoje, primeira frase de João ao acordar ainda meio bêbado, na cama:
- Mãe! Por favor, num proíbe todas as crianças do mundo de levar brinquedo pra escola não! Por favor, mãe, todo mundo vai ficar muito triste, vai ser chato, num faz isso não...


Hoje à tarde na escola (narrado por tia Juliana, professora dele.):
- Tia Vera, tu fez pão pra vender hoje?
- Fiz João.
- Ainda tem?
- Agora só tem um.
- Tu vai ficar aqui até minha mãe vir me pegar?
- Não, João, eu já vou pra casa.
- Então tu pode me vender um pão pra minha mãe te pagar outro dia?


Hoje, na hora do jantar, enquanto comíamos pão de tia Vera:
- Filha, parece que Jéssyca está toda feliz porque vai colocar um aparelho nos dentes (essa foi minha mãe).
- Eu também tou todo feliz porque vou botar aparelho (esse foi João).
- É, João? Tu vai?
- Vou sim, meu dente tá pra frente ó, porque eu chupo muito chupeta; vou precisar de aparelho sim, eu sei disso, tenho certeza!

domingo, 2 de novembro de 2003

Ah! Que legal! Reencontrar todo mundo, abraçar e beijar todo mundo, conversar com todo mundo de novo... ainda mais ouvindo Ney, e cantando e dançando! Acho que eu era a única pessoa dançando ao som da Orquestra Sinfônica da Paraíba, mas tudo bem. Eu tava animadíssima ontem à noite. Foi ótimo também rever os arquitetos, minha miga Lumy, e todos os franceses juntos de novo. Mas o melhor da noite foi mesmo meu Guidi dançando rumba. Quem não viu perdeu a oportunidade única de rolar de rir.

Ontem foi a despedida de Pascal, um amigo nosso, francês. Ontem soube que mais duas amigas minhas vão embora pra França, Edna e Adelaide, ambas mulheres de franceses também (quer dizer, Edna, não mais, ou talvez, quem sabe?). Fiquei feliz e triste, pois de repente pareceu que todo mundo tá indo embora e um dia vai chegar a minha vez. Enfim, ainda não é hora de pensar nisso. Por enquanto eu e Guidi estamos negociando minha ida pra Paris no Natal, mas ainda não temos nada definido.

João foi passar o dia com o pai, e eu fiquei com saudades. Bobagem de mãe boba. Mas isso só sabe quem tem o seu pequeno em casa. Foi com a camisa do Superman e uma máscara do Batman. ¿É que eu gosto de ser os dois ao mesmo tempo mãe¿. Esse é meu João.

sábado, 1 de novembro de 2003

Passei a semana toda fazendo oficina de cinema com Marcos Villar. Tudo ia bem até que eu comecei a ter enxaquecas terríveis a partir da quinta-feira. É, acontece. Depois descobri que era uma crise de garganta muito inoportuna a me importunar. Mas vou melhorar. A oficina foi legal, vi À margem da luz e A árvore da miséria, além de Palíndromo, um filme paulista muito bom de que Bruno vivia falando (eu e Guiom também achamos o máximo, vice, Brunito?).

Ontem vi Amores Brutos, do mexicano Alejandro Gonzalez Iñarritu. Definitivamente entrou pra lista dos meus melhores. Recomendo, recomendo, recomendo. Só não é melhor porque o bonitinho do Gael Garcia Bernal sofre pra caramba e eu fiquei com peninha dele.

Essa coisa de férias é muito chata porque morro de saudades dos meus amigos...

Estou pensando seriamente em trancar o próximo período... problemas metodológicos e cronológicos do meu projeto. A questão é: estou enlouquecendo com isso... estou aceitando conselhos, pitacos, sugestões e qualquer outro tipo de ajuda.

sábado, 25 de outubro de 2003

Bom, como boa parte dos leitores desse blog já sabe, meu Guiom chegou sexta passada (dia 17, viu?). Como vocês sabem também eu estou SUPER feliz com isso. O problema é que não tem muita coisa que eu consiga fazer sem estar grudada nele... daí o abandono do pobre blog. Desculpo-me, afinal tenho uma boa desculpa.


EU ADORO COMIDA FRANCESA! Camembert, reblochon, nutella, cassoulet... huuum...


Domingo passado finalmente vi Lucía e o sexo do espanhol Julio Medem. Muito, muito bom mesmo. Eu era louca pra ver esse filme, pois o filme anterior dele, Os Amantes do Círculo Polar, é um dos meus filmes preferidos e é uma das coisas mais lindas e poéticas que eu já vi na vida. Os dois filmes são um tanto parecidos, mas isso não tira de jeito nenhum o mérito de nenhum dos dois (oi todo mundo ¿ isso foi uma contribuição de Guiom). A fotografia é tão marcante que chega a ser dramática; e o roteiro, bom, o roteiro é quase surreal, que é bem o estilo do cara. Ontem foi a vez de A princesa e o Guerreiro de Tom Tykwer, aquele alemão diretor de Corra, Lola, Corra; adorei também, muito romântico, sem ser piegas, sem uma cena de beijo sequer; e ainda tem uma paisagem ma-ra-vi-lho-sa que é um dos sonhos imobiliários de Guiom, na Bretanha.


João em momento criativo:
-Pôxa, João! Porque tu não fez xixi antes do banho? Agora tu se sujou de novo!
-É que antes do banho eu não tava com vontade... os homenzinhos que trabalham dentro da minha pitoca não tinham botado xixi lá ainda...

quarta-feira, 15 de outubro de 2003

Soube hoje pelo telejornal de um atentado no sul do Líbano. Fiquei triste. As vítimas foram duas crianças brasileiras que estavam num quarto em Roulá, a 90 km de Beirute. Um dos meninos, Ali, morreu e seu irmão, Ahmed, de 4 anos, está gravemente ferido num hospital em Beirute. Ainda não se sabe de onde veio o míssil, especula-se que foi de Israel, mas ninguém sabe. Fiquei muito triste mesmo com isso. O Líbano é um país que a muito custo está conseguindo reerguer-se depois de ser devassado por 17 anos de uma guerra religiosa sem sentido, aliás, como todas as guerras religiosas. Pelo que eu sei Beirute é uma cidade linda, não é à toa que é chamada ¿A Paris do Oriente Médio¿. Beirute é a cidade do meu amigo Walid. Beirute é uma cidade que Guiom ama. Beirute é uma cidade que eu adoraria conhecer. Beirute e todo o mundo árabe. Hoje comecei a ler uma matéria na National Geographic desse mês sobre a Arábia Saudita e fiquei ainda mais ansiosa pra ir logo lá. Eu sei, eu sei, não é o melhor momento histórico pra se fazer turismo por lá. Mas um dia o Ocidente vai se cansar e deixar o mundo árabe em paz. E aí eu poderei conhecer Beirute, Damasco, Meca e a mesquita de Namira.

segunda-feira, 13 de outubro de 2003

Guiom, meu andarilho preferido, passou a semana passada toda entre Lyon e Nice, passando por Marselha, revendo amigos. Agora deve estar jantando em casa, depois de ter ido à prefeitura providenciar os documentos pra vir pro Brasil e pro casório! Ai, tou tão feliz! Tudo isso depois de me ajudar, lá de Paris, com a redação do meu projeto. Brigada, Guidi, amo tu, vice?


João, meu atleta preferido, participou das IV Olimpíadas Constructor Sui (é a escola dele) e ganhou uma medalha de ouro, só não lembro se foi na corrida de bicicleta ou no chute a gol (nem ele lembra...). No último dia foi a Feira de Conhecimentos. Nem preciso dizer que lágrimas de emoção rolaram quando vi ele explicando os experimentos da turma com as cores, né? Definitivamente eu amo aquela escola, ainda vou escrever dizendo porque.


Mas, engraçado, engraçado mesmo, foi Milena descer do parquinho (aqueles em forma de casinha) em que ela subiu com João após constatar que ficaria presa no escorrego. (!)


Porém, nesse final de semana, nada comparado a Bruno desmaiado na areia, ao nascer do sol, entre garrafas vazias, um isopor e um violão. Claro que vocês imaginam as caras dos transeuntes ao ver a cena.


E mais uma de João, hoje de manhã, ao me ver arrumada, de saída, às onze da manhã:
- tu vai pra onde?
- vou pra universidade.
- tão tarde?
- é que eu vou só entregar um trabalho.
- ôxe! tu só faz entregar trabalho! num tem aula naquela universidade, não é?

quinta-feira, 9 de outubro de 2003

Atendendo a pedidos, resolvi deixar Guiom postar uma vezinha, a título de experiência... Bom, na verdade isso aqui é um email que ele me mandou contando como foi o seu fim-de-semana em Tioman, a ilha na Malásia onde ele foi mergulhar pouco antes de sair de cingapura. Pra que fosse mais interessante, deixei o texto como estava, sem correções ou quaisquer ajustes. Por isso, aqui está o meu Guidi, falando, ou melhor escrevendo bem do jeitinho dele:

acabei de almocar e beber cafe com os franceses, foi chato como 'e geralmente, enfim, talvez seja melhor do que comer sozinho. amanha, vou almocar com o responsavel do departamento em que eu trabalho, 'e meu chefe, mas nao 'e o vietnamita. ele pareceu satisfeito com meu trabalho, um relatorio, acho que ja te falei... mas que bom que eu nao preciso mais trabalhar com o vietnamita agora, que saco esse rapaz, parece que ele ta nem ai de mim e do meu trabalho. meu pai acha que eu deveria ir falar com ele e ficar zangado, mas enfim, nao vale mais a pena agora. bom vou te contar meu final de semana agora entao... sai de cingapura sexta de noite de vam (nao sei se 'e assim que se escreve) com a equipe de orpheus dive, o nome da escola. os alunos eram fendy de indonesia e pascale de mauricia (mas que tem sangue frances, indiano, de sri lanka, africano tambem), mais anabelle de mauricia tambem (ela 'e chinesa de origem) mas ela nao mergulhou, so tava com os dois amigos dela e queria passear pela malasia. tinha mais o "dive master" william de indonesia e o instructor palhaco chester de cingapura que tava muito orgulhoso de ter uma equipe internacional. fendy agradecia a deus a cada refeicao (ele 'e christao), william 'e buddhista, pascale e anabelle sao trabalhadores sociais, pascale trabalha numa comunidade pobre onde tem gangues, drogas, armas, e "free sex" (foi assim que ela me disse) entre os jovens que sao geralmente muculmanos. a gente chegou no nosso hotel a meia noite mais ou menos, ainda no continente. todo mundo dormiu no mesmo quarto e pascale fez uma piada dizendo que o frances nao ia tomar banho, fiquei puto e nao acreditei, ela me disse que tinha um tio la que disse a ela que nunca toma banho porque nao transpira na franca. depois fiz piadas com isso o resto do final de semana para me vingar um pouco. a gente acordou o dia seguinte as 6 e meia, super legal, a gente foi pro porto para tomar um speed boat para ir pra ilha tioman, a gente chegou la uma hora e meia depois mas dormi a viagem toda. depois de ter deixado as nossas coisas no quarto que eu ia partilhar com fendy, pascale e anabelle, a gente foi para um outro barco para mergulhar, uma vez de manha e duas vezes a tarde depois de almocar na pousada onde a gente ficava. depois duma noite mais ou menos curta, a gente saiu de novo de barco no domingo para mergulhar duas vezes de manha. a gente fez exercicios no fundo do mar, viu uma tartaruga, sting rays (nao sei como 'e), peixes palhacos que sao exatamente como no filme, um monte peixes de todas as cores, viu tambem caracois (snails, 'e assim?) lindos de todas as cores tambem, um monte de coisas entre 7 e 15 metros de profundidade por entre 30 e 45 minutos a cada mergulho. entre os mergulhos, a gente ficava conversando, eu e as meninas em frances as vezes, a gente ficava se queimando no sol (fendy botou uma locao para bronzear mais esse loco, ele ficou vermelho no corpo todo), rindo, fumando cigarros, etc. enfim foi muito legal. no domingo a tarde, a gente ficou no barco com qual a gente ia mergulhar para voltar no continente, durou tres horas para chegar desta vez, nao era speed boat mesmo e a gente pegou o vam de novo para chegar em cingapura as 10 horas da noite e se despedir com abracos.

terça-feira, 7 de outubro de 2003

Há alguns anos atrás (em 1998, acho) me apaixonei perdidamente por Adriana Calcanhoto. Foi na época do lançamento do cd Marítimo. O engraçado é que depois de Vambora (entre por essa porta agora e diga que me adora você tem meia hora pra mudar a minha vida...) fiquei com uma vontade louca de ler Dentro da noite veloz de Ferreira Gullar, pois Adriana cita o livro na música. Ano passado o livro me caiu nas mãos, por obra e graça do meu primo André, que outrora teve pretensões de ser meu mentor intelectual. Li o livro e me apaixonei também (sou muito apaixonável, sabe?). Eu não conhecia a poesia concreta, cuja afirmação no Brasil, aliás, deve-se ao próprio Gullar. Depois do livro passei a gostar muito dessa forma de escrever, descrevendo o gosto, o cheiro, a textura das coisas e dos sentimentos.
Cheiros são sempre muito marcantes pra mim. O cheiro de metal, (cheiro de chave), me traz lembranças muito doces. Transcrevo abaixo um dos poemas de Gullar, escrito em 1955, que eu acho sublime e que me faz evocar esse cheiro e essas lembranças.


O SOPRO

A turva mão na flor

Fico ouvindo meu corpo me dizer seu nome
-dos fornos do osso, a primavera vem
mas já saudosa regressa
aos seus metais de origem

Atenção! Isso é um plágio:
Eu amo, eu amo, eu amo as noites no Decom, quaisquer que sejam... Meu amigo Bruno sabe porque.



Tudo bem, vamos combinar aqui que coincidências existem e são até bem comuns. Mas, peraí, tudo tem limite. Uma coisa foi eu conhecer Lumy e descobrir que ela era amiga de infância do meu então namorado (imagine a surpresa dos três!). Outra coisa bem diferente é Guiom chegar lá em Cingapura e ir morar com um francês da mesma cidade que ele e que ainda por cima estudou na mesma escola que o pai dele! Mas pior, pior mesmo é ele reencontrar uma prima que ele não vê há dez anos e descobrir que ela está vindo morar no Brasil em janeiro! Definitivamente, o mundo é muito pequeno.



João, anteontem, ao chegar em casa depois de passar a manhã toda na Bica com o pai:

- E então filho, foi legal o passeio?
- Foi.
- Tu gostou mais de quê?
- Do algodão doce.


Depois de uma noite mal dormida, João entra no meu quarto às 7 da manhã:

-Pô João, fecha essa porta, deixa eu dormir!
- Já vou fechar mamãe, só vim te trazer essas flores...

E me estendeu a mãozinha cheia de florzinhas colhidas no jardim daqui.

domingo, 5 de outubro de 2003

Michel Laub, da revista BRAVO! Disse uma vez que os filmes dos irmãos Coen podem ser divididos entre aqueles que fazem alguma concessão à tolerância, como O grande Lebowski (1998) e aqueles que apostam num caráter mais corrosivo, como Fargo (1996). Corrosivo? Imagina! Pra mim Fargo é a corrosão em forma de filme, e por isso mesmo é muito bom. A fotografia é muito simbólica, com todas as paisagens completamente cobertas de neve o tempo todo. E ainda consegui estabelecer conexões com os outros dois filmes dele que eu já vi (os citados acima).


Ontem meu mau humor atingiu a estratosfera. Peço perdão aos meus pobres amigos, alvos de vários chiliques ao longo da noite, e a Guiom, claro, que também foi gravemente atingido, mesmo estando lá em Lyon, feliz da vida ao lado de seus melhores amigos. A crise só teve uma coisa boa: em termos de chatice, consegui a proeza de botar Bruno Ricardo no chinelo.


PS: Vocês têm noção do que é eu, Milena e Isabella de vestidos iguais? Não? Mas em breve vão ter. Aguardem.

sábado, 4 de outubro de 2003

João Arthur em momento filosófico:

-Mãe, quando tu era bebê, onde é que eu tava?
-João, quando eu era bebê, tu ainda não existia...
_Não?! (intrigado)
_Não, não existia ainda não.
-Mas agora eu existo, né mãe? Ou não?


João Arthur em momento profético:

- Jéssyca, esse brinquedos são meus, ainda não são do meu irmão!
-Que irmão menino?
-O meu irmão, Miguel. Tu num sabe quem é não?
-Tu não tem irmão, João!
-Tenho sim, minha filha!
-Tua mãe não tá nem grávida ainda, como tu pode ter um irmão?
-Minha mãe está grávida sim. É que ela é muita magra, aí não dá pra ver.

Dias depois refletindo sobre o assunto:

-Mãe, já sei o que está acontecendo! É que meu irmão ainda está na tua cabeça, no pensamento, sabe? Depois ele vai descendo aos pouquinhos...


João Arthur em momento perceptivo:

-Vovó, desenha o meu pai... Não vovó, tu ta desenhando o cabelo dentro da cabeça, o cabelo é fora! Ah, entendi... o cabelo começa dentro da cabeça e depois sai pra fora, né?
É quarto crescente
E já venero a lua cheia
O disco ainda nem foi lançado
E já sei a letra de cor
O sol ainda não nasceu e já estou estendida na areia
Fuzilem-me:
Não há nada em que eu não creia.

Martha Medeiros

Eu acredito em muitas coisas. Acredito na vida e nas pessoas. Acredito que vou conseguir fazer as coisas que quero fazer. Acredito que tudo vai dar certo no final. Hoje meu Guiom foi aprovado na defesa do estágio de Cingapura depois de uma semana de tensão (ele foi reprovado sexta passada mas teve uma segunda chance). Estou tranqüila agora, e ainda mais crente. Por isso, nesse momento crucial acredito em duas coisas vitais: acredito que vou conseguir terminar de escrever meu projeto em tempo hábil e ele vai ficar bom e acredito que meus amigos vão ser sempre meus amigos, não importa o quanto o projeto final de graduação nos separe por algum tempo. É muito bom ter vocês por perto. Isso vale pra todos mesmo, indistintamente. Mas vale especialmente pra Lumy, que eu não vejo há muito tempo e de quem tenho muitas saudades, pra Milena, que eu não quero que vá embora de jeito nenhum e pra tu Bruno, seu chato. Espero que a gente nunca se deixe perder.

segunda-feira, 29 de setembro de 2003

Esse foi um final de semana cheio de pequenas estréias. Eu e Milena fomos pela primeira vez à aula de dança do ventre (e adoramos! e nos saímos muito bem, viu?). João Arthur recebeu pela primeira vez um amiguinho da escola aqui em casa (Davi, um menininho adorável, parecido com João até; a mãe dele é ótima, super simpática, trabalha na UTI neonatal da maternidade frei Damião com minha prima Sandrinha; é uma das mães da escola que, apesar de ser casada, mais velha e com outro filho, não faz com que eu me sinta uma menina boba e imatura; eu fiquei emocionada com a visita, tive pena porque não tirei uma foto). Á noite rolou cineclube aqui em casa e eu assisti pela primeira vez por completo e depois de adulta um filme de Chaplin (sim, porque eu assisti vários pedaços dos filmes dele quando eu era criança; foi Luzes da Cidade, linda e antológica a cena que a florista cega por quem ele se apaixona descobre quem ele é). Depois do cine, jogatina, é claro, nosso novo vício coletivo. Eu e Ailton fomos a dupla campeã pela primeira vez no Imagem e Ação (Bruno, Luís, devo admitir, foi uma vitória apertada). Depois disso, dois amigos meus, de quem eu gosto muito, tiveram uma conversa importante que deveriam ter tido há muito tempo; fiquei feliz, independente de qual tenha sido o resultado da conversa, pois as coisas foram esclarecidas de uma vez. No domingo foi o dia de a família de Guiom ver fotos minhas pela primeira vez (tou falando da familhona, tios primos e avós, não da microfamília, pais e irmã). Eles moram em Metz, que é a cidade de Guiom mesmo, fica no nordeste da França, bom, quer dizer, a família da mãe dele mora em outra cidade Boulay (é assim, Guidi?), e ele passou o final de semana entre as duas, depois de ter vindo de Lyon e revisto os melhores amigos dele. Ele sempre brinca dizendo que essa região onde ele nasceu não é muito interessante, é como a Paraíba da França, e eu acho mesmo que foi por isso que ele se apaixonou por mim, foi uma mera questão de identificação, sabe?

quinta-feira, 25 de setembro de 2003

Após ler o post anterior você, caro leitor, pergunta-se: mas, o que afinal ele foi fazer lá em Cingapura? Quer mesmo saber? Então senta que lá vem a história...
Guiom tem um fascínio muito antigo pela Ásia. Eu poderia até me arriscar e dizer que ele é um asiático frustrado. Ele admira com particular fervor a cultura árabe, adora a língua, adora a música. O melhor amigo dele é libanês (oi, Walid!) e as mulheres mais lindas do mundo pra ele são as libanesas. As viagens pelo Líbano, Síria, Jordânia, Vietnã e Índia estão entre as coisas mais marcantes da vida dele. Mas o xodó dele é mesmo a Índia. Ele ficou 3 meses andando por lá e voltou uma outra pessoa. Até o filme preferido dele se chama ¿Noturno Indiano¿ (é uma adaptação francesa do livro homônimo de Antonio Tabucchi).
Por tudo isso ele botou na cabeça que tinha que viver um tempo na Ásia. Só conseguiu em Cingapura, que não tem absolutamente nada a ver com o que ele ama na Ásia. Decidiu ir mesmo assim, afinal seria ótimo ter no currículo um estágio em um dos Tigres Asiáticos, principalmente se você é um engenheiro de produção disputando uma vaga no mercado brasileiro. Foi. E odiou. Nem preciso dizer que eu odiei também, né? Mas essa é uma outra história. Depois eu conto.

PS: e o que ele veio fazer aqui no Brasil? Na verdade ele veio porque não conseguiu ir pra Índia, aí, o Brasil pareceu uma boa idéia. É isso. E tudo o que tem que ser, será.

terça-feira, 23 de setembro de 2003

Hoje é um dia de festa pra mim e pra Guiom. Um dia de alívio na verdade. Hoje às onze horas da noite do dia 23 (sim, porque, vocês sabem, lá do outro lado desse mundo pequeno a meia noite já passou faz um tempão) meu próprio noivo finalmente foi embora de Cingapura. Quando falei com ele hoje de manhã (pra ele, que pra mim era ontem à noite) ele estava tão feliz que não conseguia parar de gargalhar. Depois de um ano e 2 meses meu guiom vai ficar quase um mês em casa de novo, quer dizer, em Paris que é a casa dos pais dele, enfim, vocês entenderam. Dia 17 de outubro ele chega em João Pessoa de novo, mas essa é uma outra história. O fato importante é que a esquizofrenia de namorar alguém que está meio globo terrestre distante de você acabou. Pelo menos agora só um oceano nos separa... Mas isso é besteira, o Atlântico? Um laguinho de nada.

quarta-feira, 17 de setembro de 2003

Pôxa... mó tempão sem dar as caras... oi amigo blog, como vai você?

Ontem fiz uma coisa que adoro, mas que eu não fazia desde que Guiom viajou. Fui ver o anoitecer na praia. Alguém aí já fez isso, assim, com esse intuito? Se não fez, faça! É super mágico. Quase tão mágico quanto ver o dia amanhecer, a cidade acordando. Pois é, eu adoro ver as luzes se acendendo, dos prédios, dos carros, dos postes; o horizonte vai ganhando aqueles tons fantasmagóricos, o mar ficando escuro, as sombras cada vez mais longas. Ontem fez tanto frio que tive que usar um casaco, logo em João Pessoa, quem diria. E João lá, de sunga, brincando com as ondas e rolando no chão, totalmente indiferente à ventania e aos olhares das pessoas que passavam na calçadinha e com certeza pensavam quem seriam aqueles dois malucos ali na areia. Saímos de lá às sete da noite, roxos de frio, os dois. Mas eu fiquei feliz, infinitamente feliz, que é como sempre fico depois de passados esses momentos, meus momentos de beleza pura.

sábado, 13 de setembro de 2003

Falei de arquitetura e lembrei dos meus amigos queridos que agora devem estar se preparando pra defender seus projetos finais de graduação. São todos projetos muito legais, depois falo deles. Não, vou falar agora mesmo, de alguns. O de Lumy é uma super ponte ligando a avenida Beira Rio na altura do hospital da Unimed à BR, perto do girador da universidade, e ao Castelo Branco; a idéia é desafogar o trânsito na Pedro II, muito bom. O de Vladimir é um museu, ali, atrás da delegacia da Epitácio, onde ficam os circos e parques; de arte moderna, acho, não sei mesmo, depois pergunto a ele. O de Pepeu é um complexo esportivo entre o Almeidão e o Ronaldão. O de Dimitri é uma marina no lugar onde é o mercado de peixe em Tambaú, perto do Bahamas. Tem muitos outros, mas, chega. Enfim, tudo isso pra dizer que dedico esse post a cada um deles, que desejo boa sorte a todos nas defesas, e que sinto saudades, pois por causa dos projetos, temos nos visto pouco. Sei que eles não devem sequer estar dormindo a essas alturas do período, desejo boas noites de sono também, quando o dia da defesa passar. Acho que agora eles concordam mais do que nunca com aquela máxima de arquitetura que diz que "a noite é uma maquete".
Pois é, com essa coisa de fazer jornal cultural pra disciplina de assessoria de comunicação estou mergulhando mais fundo que nunca no universo infantil. É, eu fiquei com a editoria "infantil", razões óbvias. O chato desse período tá sendo ficar sem ver todos os amigos todos os dias, afinal cada um está mais do que ocupado com seu próprio jornal mural. Por falar nele, Henrique Magalhães, o Maravilhoso libertou-nos da tirania do mural do Ciente. Ai, tô tão feliz! Luís e Bruno, sei que vocês compartilham a minha felicidade. Faremos um fanzine pra substituir o odioso jornal mural. "Sobre o tema que vocês quiserem" falou O Maravilhoso. Ai, ai, tô tão feliz, de novo! Sim! Felicidade também foi a aula de Realidade Regional hoje. Pra quem pulou da cama e chegou na universidade se arrastando, encontrar na sala de aula Torquato Joel no lugar de Dinarte, O Energúmeno, foi assim, um sonho pra mim (sem querer ser brega, já sendo). À noite, aula de antropô, sobre Malinowski mais uma vez, muito bom. Quando eu tinha 16 anos eu juro que eu pensei em ser antropóloga.Mas eu pensei em ser um monte de coisas na vida. Quando eu tinha a idade de João eu queria ser sereia, pode? Na verdade eu tinha dúvidas se eu preferia ser sereia ou bailarina. Sim, porque nessa época eu já fazia balé clássico. Dá pra entender porque eu tenho esse corpo de menina de 10 anos? Então, mas aí eu desisti, lá pelos 13, li uma matéria sobre cetáceos (sim, porque com 13 anos eu já lia a Veja viu?) e botei na cabeça que seria oceanógrafa. Minha mãe quase teve um avc. Depois disso mudei muito de idéia, normal. Acabei fazendo arquitetura, depois direito e comunicação. É, eu acho que nunca fui muito convicta do que eu quero ser quando eu crescer.

quinta-feira, 11 de setembro de 2003

Estou há dois dias ouvindo só The Smiths e Arnaldo Antunes, ou seja, estou em êxtase (musical) puríssimo, como diria tio Eça de Queiroz. De Arnaldo falo depois, agora quero falar de Smiths.

EU AMO, AMO MESMO "This charming man"; "Some girls are bigger than others" e "Please, please, please let me get what I want". Quem ainda não ouviu, ouça, por favor, por favor, por favor. Fico dançando até enquanto tomo banho (não que eu ache dançante mesmo, é que não me controlo). Já ouvi tanto que João tá começando a aprender as letras. Adoro esse som. Adoro ainda mais porque me faz lembrar meu Guiom, que a essa hora deve estar dormindo lá do outro lado do mundo, depois de ter estudado mergulho (na teoria, pois as aulas práticas acabaram; é assim, ao contrário mesmo, primeiro as práticas; é que cingapura é um lugar muito estranho. No fim de semana ele vai ficar dois dias no mar da malásia, numa ilha do leste, esqueci o nome agora.)
A primeira vez que ouvimos The Smiths juntos foi um dia depois de ele me dizer uma coisa que me fez duvidar de que um dia nossa história pudesse dar certo. Depois disso eu ouvia o cd compulsivamente, tentando assimilar. Mas isso foi há muuuuuuuiiiiiito tempo. Agora falta pouco tempo pra gente casar. Mas toda vez que lembro disso sinto um arrepio estranho.
Ontem, cansaço, preguiça, sono, fome, trabalhos, matérias, projetos...
Como bem disse meu amigo Ailton, é preciso escrever de novo, senão a caixa de comentários do post anterior vai ficar infinita!

quarta-feira, 10 de setembro de 2003

A frase abaixo é de Maristela Midlej Silva de Araújo, ela é multiplicadora do Núcleo de Tecnologia Educacional em Itabuna/BA
"o jornal impresso e o telejornal são fontes de informação, através deles podemos atravessar as paredes da escola e ter acesso ao mundo, a diferentes culturas e à atualidade (...)"

Eu sou uma pessoa que acredita na capacidade revolucionária dos meios de comunicação. Digam o que disserem os céticos profissionais de plantão. Eu acho sinceramente que num país ignorante, pobre e atrasado como o nosso (pois apesar de todas as coisas legais que fazem o Brasil, é isso que ele ainda é), os meios de comunicação têm uma importante função social a desempenhar. Especialmente os mais tradicionais, que demandam menor aparato tecnológico, como o jornal impresso e o rádio, pois pra mim a vez deles ainda não passou. Apesar de todo o jogo político que envolve os media, creio que eles podem realmente ser usados como instrumento de educação e conscientização, de maneira que possam desenvolver em cada um as noções de cidadania e olhar crítico. Acredito ainda e cada vez mais que a escola é o lugar ideal para que os media possam ser trabalhados dessa maneira, com esse propósito. A escola pública em especial, primária e secundária. Talvez assim a gente consiga formar mais gente decente nesse país miserável.

terça-feira, 9 de setembro de 2003

João, de novo

(nós dois no terraço, olhando o jardim)
-Mãe, essa casa tem plantas tão lindas, né?

Meu pequeno filho, tornando-se uma pessoa sensível...
(e levemente inclinada ao paisagismo, para a alegria de todos os meus amigos arquitetos, especialmente tia Lumy, madrinha dele, e tio Vitto, que deu "O Pequeno Arquiteto" de presente a ele, assim que ele nasceu. Influência pouca é bobagem!)
Aula de antropologia cultural à noite, no departamento de música da universidade, tem coisa melhor? Pois é, adoro essa aula. Hoje discutimos o texto inicial de Malinowski, "Argonautas do Pacífico Ocidental". É sobre a pesquisa de campo dele que revolucionou o modo de fazer antropologia, muito bom. Foi durante a primeira guerra mundial; ele ficou 4 anos vivendo o tempo todo entre os nativos, pois acreditava que só assim compreenderia o modo de pensar daquele povo; o lugar era o arquipélago de Trobriand, perto da Nova Guiné, perto também de onde está nesse momento meu Guiom.

Aliás, acabei de falar com ele. São quase 11:30 da manhã em Cingapura e se eu conheço Guiom, acho que ele deve estar louco que chegue a hora do almoço. O estágio dele lá termina daqui a 15 dias e isso deixa nós dois muito felizes. Esses 4 meses, que pareciam infinitos, finalmente vão acabar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2003

Hoje quando cheguei da universidade fui fazer a LGSS - Limpeza Geral Superfisionada Semanal - em João. O dia oficial é sábado, mas como eu estava ocupada fazendo os trabalhos de Comunicação e Realidade Regional, acabou ficando pra hoje mesmo.
Porque João é "uma criança crescida", segundo as palavras dele próprio. Por isso a frase preferida dele é eu tomo banho sozinho. Só que uma vez por semana é preciso verificar a qualidade do serviço senão corro o risco de adquirir um filhote de porco no lugar do meu filhote humano.
Então estava eu cortando as unhas dele, depois de esfregar a cabaça e limpar os ouvidos. De repente João solta um grito de dor:
- Aaaaaiiii!!!! Tu machucou a minha unha!
Machuquei nada. Drama infantil. Aí percebi que era a mesma unha que dói em mim quando corto as minhas unhas.
Pois é, não sabia que essas idiossincrasias eram hereditárias.
E não é que eu sonhei de novo tentando fazer baliza? Coisa mais obcessiva... Era uma colina, não muito alta mas um tanto íngreme. Eu nem tentava, olhava pra cima, os espaços aperetados entre os carros e pensava "não vou conseguir". E o pior é que eu faço baliza mais ou menos bem...
Bom, como o post-apresentação-editorial do mundinho sumiu por problemas técnicos, vou reprisá-lo aqui, agora mesmo:

E eis que enfim eu decido criar um blog. Sim, porque quem me conhece sabe que eu sou a pessoa mais alheia à tecnologia que existe no universo. Mas a tara de escrever e a necessidade de publicar subiu-me à cabeça e eu sucumbi ao fetiche. Pelo menos agora tenho mais um assunto.
Bem, sobre o blog, o que dizer? Não muita coisa, aguardem e leiam. sobre mim? eu sou Gio, moro em João Pessoa e tenho 23 anos. Daqui a alguns meses vou ser uma jornalista formada e uma moça casada. Por enquanto sou só universitária, noiva de Guiom e mãe de João, que tem 4 anos, um monte de cachinhos e idéias loucas na cabeça. Bienvenue!
Pois é, duas da manhã e eu ainda acordada. Chutei o balde, vou chegar 1 hora atrasada na aula de amanhã. Estava fazendo trabalhos, os mesmos, desde a semana passada. Pra piorar, dormi no início da noite por mais de meia hora. Sim, porque eu acho que sou a única pessoa no mundo que tem sono antes do jantar, ao invés de depois do almoço. Ainda por cima tive um sonho esquisito, aliás, coisa muito comum. Eu sempre lembro dos meus sonhos, às vezes fico o dia todo atormentada por eles. O de hoje foi tentando estacionar um carro que era do tamanho de uma bicicleta; eu não conseguia nunca porque eu estava dentro de uma feira com um monte de gente e de coisas ao meu redor. Acordei de mau humor. Nem em sonho eu consigo fazer baliza?
Reflexão tardia, tudo bem.
Ontem foi dia 7 de setembro. E daí? Eu me pergunto qual é a razão de se ter um dia nacional pra comemorar alguma coisa. Às vezes acho que o Brasil sente inveja da França com seu 14 de julho, ou de qualquer outro país com um passado heróico de que se orgulhar. Dia da independência pra que, meu deus? A ruptura com Portugal foi uma grande palhaçada, todo mundo sabe, continuamos dependentes até hoje de uns e de outros, todo mundo tá careca. Comemorar a independência pra que?