quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

hoje eu tive vontade de chorar

pela primeira vez desde que eu trabalho lá onde eu trabalho. pela primeira vez em um ano e meio. não sei se pela primeira vez mesmo, mesmo. mas pela primeira vez de uma maneira tão forte que eu pedi desculpas, peguei minha bolsa e fui correndo pro meu carro porque eu não ia aguentar e ia chorar lá no meio de todo mundo.

e foi por causa de pessoas de quem eu dependo muitíssimo, mas que insistem em ser rudes e grosseiras e implacáveis.

e eu nem tinha feito nada de errado. ou melhor, não era eu que tinha feito a coisa errada. mas era eu que estava no meio do caminho, então fui eu que levei o tiro. pelo menos eu acho que foi essa a razão. ou talvez simplesmente não haja razão nenhuma. talvez eu seja uma tola que acha que as pessoas só vão ser filhas-de-uma-égua com você se você der motivo. porque eu até entendo, sabe. não acho que justifica, mas entendo - você é chata com uma pessoa, aí a pessoa é chata com você de volta pra dar o troco. certo. mas assim, sem motivo algum que seja? eu num entendo não tá? não foi assim que minha mãe me criou não, certo?

e a vontade? de partir pro confronto físico? de virar tyler durden e sair batendo a torto e a direito? que eu nem era assim antes? mas foi nisso que a vida fácil de campinas me transformou?

porque cada vez mais eu concluo que tem gente que merece apanhar nessa vida.
e tem gente, outras pessoas, que não merecem.
precisam.

e eu odeio chorar as pitangas aqui nesse blog morto-vivo.
mas hoje não tinha jeito não.

bombeiros, please.

domingo, 11 de outubro de 2009

porque essa é definitivamente a melhor desse ano. ganhou já.

João passa quinta e sexta num acampamento com o povo da escola.
Vou buscá-lo, e, uma vez no carro, pergunto o que ele mais gostou.

- não sei, foram tantas coisas legais que eu não sei dizer qual foi a que eu gostei mais.
- sim, mas fala aí, a coisa mais insana, ou mais nojenta, sei lá!
- ah, eu sei qual foi a mais engraçada, posso contar?
- conte!
- antes de ir dormir, a gente ficou contando piada e morrendo de rir.
- foi isso?
- não, tem mais.
- conte, ora!
- a gente riu tanto, e tão alto, que as meninas - o quarteto, tu sabe (nota _ sim, há um quarteto de meninas peraltas na vida de João) - pulou a janela do quarto delas e veio jogar pedras na janela da gente até um dos meninos abrir!
- !
- e aí elas entraram no quarto da gente!
- !
- e ficaram lá!
- !
- e, lógico, tia lorena quase matou todo mundo no outro dia né...
- !
- tá, a gente mereceu a bronca.
- !
- mas que foi bem legal, isso foi! :)
- ...


aí o que a pessoa que é mãe diz numa hora dessas?
alguém me esclarece?
por favor?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

não é que eu esteja triste

não. não estou.
preocupada é uma boa palavra. pensativa é também.

e aí acontece.
preocupada e pensativa _ não triste _ me dá vontade de ouvir REM.
mas só as músicas, assim, tristes.



When your day is long and the night
The night is yours alone
If you're sure you've had enough of this life
Well hang on
Don't let yourself go, 'cause everybody cries
And everybody hurts, sometimes...



certo.
consegui lembrar da música mais auto-ajuda de todos os tempos né.
eu sei.
mas acontece.
preocupada. pensativa.

só que não acaba aqui não.



This one goes out to the one I love
This one goes out to the one I've left behind
A simple prop to occupy my time
This one goes out to the one I love
Fire (she's comin' down on her own, now)



que esse astral esquisito nem tem nada a ver com amor não.
mas é que REM vem em forma de pacote sabem.
como vinha quando eu pré-adolescente.



Oh, Life is bigger
It's bigger than you
and you are not me
The lengths that I will go to
The distance in your eyes
Oh no I've said too much
I set it up

That's me in the corner
That's me in the spotlight
Losing my religion
Trying to keep up with you
And I don't know if I can do it
Oh no, I've said too much
I haven't said enough
I thought that I heard you laughing
I thought that I heard you sing
I think I thought I saw you try



que quando o namoro de Brenda de Barrados No Baile acabou ela ficou ouvindo Losing My Religion sem parar por vários dias seguidos.
porque era a música que tava tocando no carro de Dylan no dia que eles brigaram feio pela primeira vez, muito tempo antes.
e ela ficou ouvindo música quando o namoro acabou porque naquele dia, o da primeira grande briga, ela achou que era o fim de tudo e nem foi.
e ouvir a música agora com o namoro acabado fazia ela pensar que ela tinha sido feliz ó, e nem sabia, naquela época.

e eu pensei, pela primeira vez na minha vida besta de teenager _ isso é tão eu, né.
isso de achar que era melhor, mais bonito, mais feliz antes?
uma tendência que já se delineava entendem, na pessoa que nem tinha 15 anos na cara ainda?
era eu.
tão eu.

aí Losing My Religion virou, na hora, a música pra ouvir na hora de pensar na vida.
de ficar preocupada, pensativa.
triste não tá.
triste a trilha é outra.
mas não é disso que eu quero falar.
não agora.

percebam que há toda uma carga emocional antiga associada a REM.

e agora, preocupada, pensativa, me deu vontade de ouvir REM.



Night swimming
Deserves a quiet night
I'm not sure all these people understand
It's not like years ago
The fear of getting caught
The recklessness in water
They cannot see me naked
These things they go away
Replaced by every day
Nightswimming
Remembering that night
September's coming soon



e tem mais essa.
setembro é O Mês.
sempre foi.
há muitos anos.
das coisas importantes e complexas acontecerem.

e eu começo a ter muito medo de setembro.
porque eu ando tendo motivos.

de repente né.
é como ter 13 anos de novo.
ai.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

só constatando. só isso.

Quarta passada eu e João fomos ver “Marley e Eu” no cineminha lá do lugar onde a pessoa trabalha. E no fim, quando o filme começa a ficar triste, João põe-se a chorar despudoradamente, e só se dá conta de que está extrapolando quando as luzes se acendem e todos olham pra ele, nariz vermelho, olhos inchados. E então ele se esconde atrás de mim, e finge procurar uma coisa qualquer dentro da minha bolsa, e, quando o lugar fica vazio, cai no choro de novo, e diz que quer ir pra casa agora, e sai andando calado, olhando para os próprios pés, sacudido vez ou outra por um soluço engasgado. E chega em casa abatido, e abraça seu cachorro, e tranca a porta do quarto, e não quer falar com ninguém por enquanto, e por favor me deixem em paz.

Foi isso que eu fiz, da minha vida.

Criei um filho de dez anos que fica deprimido depois de ver um filme com Owen Wilson.