terça-feira, 22 de junho de 2004

Aconteceu. E só pra variar não sei se fico aliviada ou apreensiva. Guiom conseguiu um emprego. Foi contratado por uma multinacional em Campinas. Campinas. Campinas, estado de São Paulo. Longe, bem longe daqui. Começa a trabalhar amanhã. Vem me ver no sábado e volta pra lá no domingo. E depois, a gente ainda não sabe...

Por enquanto eu fico aqui. Por minha monografia, por meu curso de direito abandonado às moscas, pelo ano letivo de João. E por outras inúmeras e invisíveis amarras que me prendem a João Pessoa. Eu já andei pelo Brasil quase todo, boa parte da Europa e um pouco dos EUA, mas nunca estive longe de casa por mais de um mês. Eu tenho os pés fincados aqui, não sei por que, não me perguntem. Eu achei que poderia rodar o mundo e voltar pra cá, mas eu conheci um cara que não tem os pés fincados em lugar nenhum e me apaixonei por ele por isso e decidi casar e agora vou embora e eu já sabia disso, como ele mesmo diz. Só que agora eu tenho uma data, e isso me perturba porque eu não sei se vou voltar.

E sinto terríveis saudades antecipadas. Guiom já foi embora uma vez e eu sei como é. Só que agora, cinco meses em Cingapura vai ser pinto perto dessa mudança definitiva. Aí tento pensar: pelo menos é no Brasil. Ok, vamos fingir que não é nada, combinado.


João superou a fase em que a mãe detêm a sabedoria absoluta sobre o universo e agora questiona o tempo todo minha autoridade e meus conhecimentos. As novas frases preferidas dele no momento são "tem certeza absoluta disso" e "como é que você sabe". E eu me pergunto se eu posso com isso.


O cineclube da retomada foi um sucesso, apesar de a única e exclusiva presença ter sido a do meu amigo Bruno Ricardo. E Cães de Aluguel é mesmo ótimo não deixem de ver.


Ontem, depois de algum tempo, revi meus amigos de arquitetura. Definitivamente, e não só por eles, é claro, vai ser difícil ir embora. Como se não bastasse eu ir, minha amiga-irmã Lumy vai concorrer a um mestrado no Japão. É. E a vida segue.


segunda-feira, 14 de junho de 2004

Meu marido viajou na sexta pra São Paulo para procurar emprego, e eu, depois de 4 dias sem ele, simplesmente sobrevivo. Cozinho, lavo louça, lavo roupa, arrumo a casa, brinco com João, dou banho, dou comida, leio estórias, canto músicas, faço ele dormir, escrevo a monografia, analiso a monografia, reflito sobre a monografia, e sobrevivo. E penso na vida e no meu futuro nebuloso. Campinas deve ser uma cidade legal. Caiena nem tanto. Bucareste não sei mesmo. Montreal talvez.

Essa coisa de ter a possibilidade de morar em qualquer lugar é muito doida. Às vezes sonho que moro em Sarajevo. Ou Hanói. Ou Chicago. E acordo pensando que o mundo é mesmo pequeno demais. Às vezes isso é legal, você viaja por aí e se sente livre e poderoso. Às vezes, quando eu gosto de João Pessoa, Paraíba, Brasil, isso é uma merda. Eu queria que o mundo inteiro fosse a praia de Cabo Branco e todo mundo que eu amo morasse lá. Eu iria nadar com eles todos os dias no mar calmo e faria luaus ao anoitecer. Mas felizmente o mundo é maior, e infelizmente eu vou ter que ir embora. A questão agora é: pra onde? Não, a verdadeira questão é: eu vou sobreviver?


Algumas observações:

Terminei de ler Dorian Gray e o final me deixou abalada. Recomendo.

As melhores festas são as pequenas e íntimas e bobas festas na nossa própria casa.

Os melhores amigos são os que guardam todos os seus emails (mesmo os meio comprometedores) e lêem todos eles de vez em quando. E ainda por cima aceitam todos os seus bjins sem reclamar, mesmo achando isso a maior frescura.

Os melhores fantasmas são os exorcizados. Amanhã é a vez de Milena despachar o seu fantasma monográfico. Vamos todos torcer por você, amiga.

quinta-feira, 10 de junho de 2004

Ontem tive uma surpresa genial e logo em seguida um momento de felicidade absoluta. Descobri que minha adorada Clarah Averbuck continua postando no Brazileira!Preta.
Lady Averbuck é uma das minhas mais fulminantes paixões recentes. Descobri Clarah numa matéria da Bravo! Sobre novos escritores. Entrei no blog e caí de amores pelo texto dela, por sua vida louca e seu coração atordoado. Um dia Guiom achou o primeiro livro dela ("Máquina de Pinball") e me deu de presente. Adorei, adorei, adorei. Aquele estilo afetado, desesperado, de quem tem pressa de viver porque sente que a vida pulsa sem parar. Virei fã. E ela virou mãe. E anunciou que iria parar de escrever no blog porque estava cansada. Fiquei péssima. Me senti carente, abandonada. E eis que enfim ontem volto lá e descubro que ela resolveu voltar porque that words she writes still keep her from total madness. Fiquei feliz como uma criança que ganha um grande presente, inesperado e sem motivo especial.



Essa semana vi filmes de diretores que eu adoro, mas não adorei os filmes, necessariamente:

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, de Alfonso Cuarón. Com certeza o melhor Harry Potter já feito (não que eu ame a série, mas, sabe como é, eu tenho filho pequeno...). Cuarón é o diretor de um dos filmes que eu mais gosto: E Sua Mãe Também, e nesse Harry ele caprichou; nunca Hogwarts foi um lugar tão fantástico (no sentido de louco mesmo). Aliás, João viu o filme em inglês, de vez em quando me pedindo pra ¿ler as letrinhas¿.

Cães de Aluguel, de Quentin Tarantino. Gostei, mas não me impressionou muito. E é bem menos pop do que eu esperava.

Swimming Pool, de François Ozon. Esse foi o quarto filme de Ozon que eu vi (os outros foram Sitcom, 8 Mulheres e Sob a Areia); não foi o mais louco (Sitcom é o cúmulo da maluquice!), nem o mais legal (Sob a Areia é ótimo), mas eu gostei. Principalmente por causa do ambiente do filme (a estória se passa no Sul da França) e essa é a opinião de Guiom também. Quem quiser ver a nova deusa francesa (Ludivine Sagnier) nua em cena várias vezes pode assistir que não vai se decepcionar.

E ontem eu vi As Invasões Bárbaras, do canadense Denys Arcand. Muito bom, mas deve ser melhor pra quem viu o filme anterior dele: O Declínio do Império Americano. Infelizmente eu não vi.



João e suas perguntas:
- Mãe, porque as formigas são tão assustadas?
- Mãe, as formigas sabem prender o fôlego?
- Mãe, as formigas têm medo do tiranossauro rex?

João, pouco acostumado com a vida em edifícios e sob a influência nociva de alguns amigos meus:
- Mãe, sabia que tem uma mulher pelada na janela daquele apartamento?
- Que absurdo! Quem te disse isso João?
- Foi Aiton, naquele dia que ele veio aqui...
Anninha tem razão... preciso rever o impacto das minhas amizades sobre meu pequeno filho...


Só pra registrar: Bruno, querido, você dança muito bem. Hehehe.

sexta-feira, 4 de junho de 2004

Eu, em minha rebeldia adolescente, sempre quis sair de casa, logo. Pronto, agora eu consegui: casei e tenho minha própria casa, minhas coisas, do meu jeito (com pitacos de João e Guiom, claro, que nada no mundo é perfeito). E então a casa da minha mãe voltou a ser um lugar maravilhoso de se visitar. Meu quarto continua lá, igualzinho: minha cama, meu travesseiro recheado de alecrim, minhas luminárias penduradas, meus quadros, meu espelho gigante. Meu cachorro continua lá, pois lá é um lugar mais legal pra ele. Dé (cozinheira da minha casa há 30 anos e minha segunda mãe) continua lá, fazendo a mesma comida, a comida que eu mais gosto no mundo. Os jardins e os terraços continuam lá. E lá continua minha mãe, meio sozinha naquele casarão, mas mais minha amiga depois que eu casei, como se agora ela me visse como uma pessoa igual a ela: dona-de-casa, mãe-de-família. Definitivamente eu amo mais do que nunca aquele lugar.


Irmão Urso é muito fofo, como todos os desenhos da Disney. O cômico é que eu chorei na cena em que Sitka, o irmão do protagonista Kenai, morre; mas tudo bem, isso faz parte de ser Gio.


Seabiscuit é um bom filme, empolga e emociona. Tem aquela coisa do herói americano, de sair do nada e vencer todos os obstáculos pra realizar seus sonhos. Mesmo assim eu gostei. Em grande parte por conta de Tobey Maguire, com quem eu simpatizo muito, Jeff Bridges e Chris Copper, todos ótimos no filme todo.


João sempre gostou de dinossauros, mas agora ele anda extrapolando na encheção de saco falando nesse assunto. Hoje eu tive que engolir essa:

- Mãe, os dinossauros comem pessoas?
- João, os dinossauros não existem mais, você sabe.
- Mas antes, quando eles existiam?
- Os dinossauros existiram antes de existirem as pessoas.
- Foi?
- Foi.
...
- Mas se a gente estivesse aqui e aparecesse um dinossauro querendo comer a gente?
- João, não vai aparecer nenhum dinossauro, nunca.
- Mas, se aparecer?
- Não vai, João, pode ficar sossegado.
- Mas, se, por acaso, aparecer?
- JOÃO, PÁRA COM ISSO, NÃO VAI APARECER DINOSSAURO NENHUM AQUI!!!!!!
- Oh mãe... eu disse SE, SE, SE. Tu num sabe imaginar não é?

quarta-feira, 2 de junho de 2004

[2.6.04 5:26 PM | GIOVANKA DE MACÊDO RAFAEL]
Faltam quinze minutos pra João voltar da escola e eu não consigo, depois de uma tarde inteira, monografar mais. Continuo acreditando na importância do meu projeto (senão ele não seria terminado mesmo!), mas às vezes canso. Deve acontecer com todo mundo, né? Eu sei que sim.

Morando a sós com João e Guiom, estou começando a compreender melhor o universo masculino. Uma dúvida-martelo, porém, não me abandona: por que eles são tão bagunceiros?

João está começando a escrever algumas palavrinhas, apesar de ainda estar no Jardim 2. Mas o meu nome ele escreve com quase todas as letras do lado contrário. Vai entender...

Estou me sentindo com um déficit cinematográfico. O último filme que vi foi Tróia, uma semana atrás, mas não contou muito (como filme, quero dizer). Só valeu pelo elenco masculino esteticamente caprichado.

Continuo lendo Dorian Gray, quer dizer, parei faz um tempão mas tenho fé que vou terminar. Estou lendo também Criando Meninos. Um tanto mais útil nesse momento da minha vida. Nesse momento e sempre.

Agora, mais do que sempre, me sinto uma mothern. Às colegas motherns que por acaso passarem por aqui, deixo um afetuoso beijo na bochecha.