sábado, 25 de outubro de 2003

Bom, como boa parte dos leitores desse blog já sabe, meu Guiom chegou sexta passada (dia 17, viu?). Como vocês sabem também eu estou SUPER feliz com isso. O problema é que não tem muita coisa que eu consiga fazer sem estar grudada nele... daí o abandono do pobre blog. Desculpo-me, afinal tenho uma boa desculpa.


EU ADORO COMIDA FRANCESA! Camembert, reblochon, nutella, cassoulet... huuum...


Domingo passado finalmente vi Lucía e o sexo do espanhol Julio Medem. Muito, muito bom mesmo. Eu era louca pra ver esse filme, pois o filme anterior dele, Os Amantes do Círculo Polar, é um dos meus filmes preferidos e é uma das coisas mais lindas e poéticas que eu já vi na vida. Os dois filmes são um tanto parecidos, mas isso não tira de jeito nenhum o mérito de nenhum dos dois (oi todo mundo ¿ isso foi uma contribuição de Guiom). A fotografia é tão marcante que chega a ser dramática; e o roteiro, bom, o roteiro é quase surreal, que é bem o estilo do cara. Ontem foi a vez de A princesa e o Guerreiro de Tom Tykwer, aquele alemão diretor de Corra, Lola, Corra; adorei também, muito romântico, sem ser piegas, sem uma cena de beijo sequer; e ainda tem uma paisagem ma-ra-vi-lho-sa que é um dos sonhos imobiliários de Guiom, na Bretanha.


João em momento criativo:
-Pôxa, João! Porque tu não fez xixi antes do banho? Agora tu se sujou de novo!
-É que antes do banho eu não tava com vontade... os homenzinhos que trabalham dentro da minha pitoca não tinham botado xixi lá ainda...

quarta-feira, 15 de outubro de 2003

Soube hoje pelo telejornal de um atentado no sul do Líbano. Fiquei triste. As vítimas foram duas crianças brasileiras que estavam num quarto em Roulá, a 90 km de Beirute. Um dos meninos, Ali, morreu e seu irmão, Ahmed, de 4 anos, está gravemente ferido num hospital em Beirute. Ainda não se sabe de onde veio o míssil, especula-se que foi de Israel, mas ninguém sabe. Fiquei muito triste mesmo com isso. O Líbano é um país que a muito custo está conseguindo reerguer-se depois de ser devassado por 17 anos de uma guerra religiosa sem sentido, aliás, como todas as guerras religiosas. Pelo que eu sei Beirute é uma cidade linda, não é à toa que é chamada ¿A Paris do Oriente Médio¿. Beirute é a cidade do meu amigo Walid. Beirute é uma cidade que Guiom ama. Beirute é uma cidade que eu adoraria conhecer. Beirute e todo o mundo árabe. Hoje comecei a ler uma matéria na National Geographic desse mês sobre a Arábia Saudita e fiquei ainda mais ansiosa pra ir logo lá. Eu sei, eu sei, não é o melhor momento histórico pra se fazer turismo por lá. Mas um dia o Ocidente vai se cansar e deixar o mundo árabe em paz. E aí eu poderei conhecer Beirute, Damasco, Meca e a mesquita de Namira.

segunda-feira, 13 de outubro de 2003

Guiom, meu andarilho preferido, passou a semana passada toda entre Lyon e Nice, passando por Marselha, revendo amigos. Agora deve estar jantando em casa, depois de ter ido à prefeitura providenciar os documentos pra vir pro Brasil e pro casório! Ai, tou tão feliz! Tudo isso depois de me ajudar, lá de Paris, com a redação do meu projeto. Brigada, Guidi, amo tu, vice?


João, meu atleta preferido, participou das IV Olimpíadas Constructor Sui (é a escola dele) e ganhou uma medalha de ouro, só não lembro se foi na corrida de bicicleta ou no chute a gol (nem ele lembra...). No último dia foi a Feira de Conhecimentos. Nem preciso dizer que lágrimas de emoção rolaram quando vi ele explicando os experimentos da turma com as cores, né? Definitivamente eu amo aquela escola, ainda vou escrever dizendo porque.


Mas, engraçado, engraçado mesmo, foi Milena descer do parquinho (aqueles em forma de casinha) em que ela subiu com João após constatar que ficaria presa no escorrego. (!)


Porém, nesse final de semana, nada comparado a Bruno desmaiado na areia, ao nascer do sol, entre garrafas vazias, um isopor e um violão. Claro que vocês imaginam as caras dos transeuntes ao ver a cena.


E mais uma de João, hoje de manhã, ao me ver arrumada, de saída, às onze da manhã:
- tu vai pra onde?
- vou pra universidade.
- tão tarde?
- é que eu vou só entregar um trabalho.
- ôxe! tu só faz entregar trabalho! num tem aula naquela universidade, não é?

quinta-feira, 9 de outubro de 2003

Atendendo a pedidos, resolvi deixar Guiom postar uma vezinha, a título de experiência... Bom, na verdade isso aqui é um email que ele me mandou contando como foi o seu fim-de-semana em Tioman, a ilha na Malásia onde ele foi mergulhar pouco antes de sair de cingapura. Pra que fosse mais interessante, deixei o texto como estava, sem correções ou quaisquer ajustes. Por isso, aqui está o meu Guidi, falando, ou melhor escrevendo bem do jeitinho dele:

acabei de almocar e beber cafe com os franceses, foi chato como 'e geralmente, enfim, talvez seja melhor do que comer sozinho. amanha, vou almocar com o responsavel do departamento em que eu trabalho, 'e meu chefe, mas nao 'e o vietnamita. ele pareceu satisfeito com meu trabalho, um relatorio, acho que ja te falei... mas que bom que eu nao preciso mais trabalhar com o vietnamita agora, que saco esse rapaz, parece que ele ta nem ai de mim e do meu trabalho. meu pai acha que eu deveria ir falar com ele e ficar zangado, mas enfim, nao vale mais a pena agora. bom vou te contar meu final de semana agora entao... sai de cingapura sexta de noite de vam (nao sei se 'e assim que se escreve) com a equipe de orpheus dive, o nome da escola. os alunos eram fendy de indonesia e pascale de mauricia (mas que tem sangue frances, indiano, de sri lanka, africano tambem), mais anabelle de mauricia tambem (ela 'e chinesa de origem) mas ela nao mergulhou, so tava com os dois amigos dela e queria passear pela malasia. tinha mais o "dive master" william de indonesia e o instructor palhaco chester de cingapura que tava muito orgulhoso de ter uma equipe internacional. fendy agradecia a deus a cada refeicao (ele 'e christao), william 'e buddhista, pascale e anabelle sao trabalhadores sociais, pascale trabalha numa comunidade pobre onde tem gangues, drogas, armas, e "free sex" (foi assim que ela me disse) entre os jovens que sao geralmente muculmanos. a gente chegou no nosso hotel a meia noite mais ou menos, ainda no continente. todo mundo dormiu no mesmo quarto e pascale fez uma piada dizendo que o frances nao ia tomar banho, fiquei puto e nao acreditei, ela me disse que tinha um tio la que disse a ela que nunca toma banho porque nao transpira na franca. depois fiz piadas com isso o resto do final de semana para me vingar um pouco. a gente acordou o dia seguinte as 6 e meia, super legal, a gente foi pro porto para tomar um speed boat para ir pra ilha tioman, a gente chegou la uma hora e meia depois mas dormi a viagem toda. depois de ter deixado as nossas coisas no quarto que eu ia partilhar com fendy, pascale e anabelle, a gente foi para um outro barco para mergulhar, uma vez de manha e duas vezes a tarde depois de almocar na pousada onde a gente ficava. depois duma noite mais ou menos curta, a gente saiu de novo de barco no domingo para mergulhar duas vezes de manha. a gente fez exercicios no fundo do mar, viu uma tartaruga, sting rays (nao sei como 'e), peixes palhacos que sao exatamente como no filme, um monte peixes de todas as cores, viu tambem caracois (snails, 'e assim?) lindos de todas as cores tambem, um monte de coisas entre 7 e 15 metros de profundidade por entre 30 e 45 minutos a cada mergulho. entre os mergulhos, a gente ficava conversando, eu e as meninas em frances as vezes, a gente ficava se queimando no sol (fendy botou uma locao para bronzear mais esse loco, ele ficou vermelho no corpo todo), rindo, fumando cigarros, etc. enfim foi muito legal. no domingo a tarde, a gente ficou no barco com qual a gente ia mergulhar para voltar no continente, durou tres horas para chegar desta vez, nao era speed boat mesmo e a gente pegou o vam de novo para chegar em cingapura as 10 horas da noite e se despedir com abracos.

terça-feira, 7 de outubro de 2003

Há alguns anos atrás (em 1998, acho) me apaixonei perdidamente por Adriana Calcanhoto. Foi na época do lançamento do cd Marítimo. O engraçado é que depois de Vambora (entre por essa porta agora e diga que me adora você tem meia hora pra mudar a minha vida...) fiquei com uma vontade louca de ler Dentro da noite veloz de Ferreira Gullar, pois Adriana cita o livro na música. Ano passado o livro me caiu nas mãos, por obra e graça do meu primo André, que outrora teve pretensões de ser meu mentor intelectual. Li o livro e me apaixonei também (sou muito apaixonável, sabe?). Eu não conhecia a poesia concreta, cuja afirmação no Brasil, aliás, deve-se ao próprio Gullar. Depois do livro passei a gostar muito dessa forma de escrever, descrevendo o gosto, o cheiro, a textura das coisas e dos sentimentos.
Cheiros são sempre muito marcantes pra mim. O cheiro de metal, (cheiro de chave), me traz lembranças muito doces. Transcrevo abaixo um dos poemas de Gullar, escrito em 1955, que eu acho sublime e que me faz evocar esse cheiro e essas lembranças.


O SOPRO

A turva mão na flor

Fico ouvindo meu corpo me dizer seu nome
-dos fornos do osso, a primavera vem
mas já saudosa regressa
aos seus metais de origem

Atenção! Isso é um plágio:
Eu amo, eu amo, eu amo as noites no Decom, quaisquer que sejam... Meu amigo Bruno sabe porque.



Tudo bem, vamos combinar aqui que coincidências existem e são até bem comuns. Mas, peraí, tudo tem limite. Uma coisa foi eu conhecer Lumy e descobrir que ela era amiga de infância do meu então namorado (imagine a surpresa dos três!). Outra coisa bem diferente é Guiom chegar lá em Cingapura e ir morar com um francês da mesma cidade que ele e que ainda por cima estudou na mesma escola que o pai dele! Mas pior, pior mesmo é ele reencontrar uma prima que ele não vê há dez anos e descobrir que ela está vindo morar no Brasil em janeiro! Definitivamente, o mundo é muito pequeno.



João, anteontem, ao chegar em casa depois de passar a manhã toda na Bica com o pai:

- E então filho, foi legal o passeio?
- Foi.
- Tu gostou mais de quê?
- Do algodão doce.


Depois de uma noite mal dormida, João entra no meu quarto às 7 da manhã:

-Pô João, fecha essa porta, deixa eu dormir!
- Já vou fechar mamãe, só vim te trazer essas flores...

E me estendeu a mãozinha cheia de florzinhas colhidas no jardim daqui.

domingo, 5 de outubro de 2003

Michel Laub, da revista BRAVO! Disse uma vez que os filmes dos irmãos Coen podem ser divididos entre aqueles que fazem alguma concessão à tolerância, como O grande Lebowski (1998) e aqueles que apostam num caráter mais corrosivo, como Fargo (1996). Corrosivo? Imagina! Pra mim Fargo é a corrosão em forma de filme, e por isso mesmo é muito bom. A fotografia é muito simbólica, com todas as paisagens completamente cobertas de neve o tempo todo. E ainda consegui estabelecer conexões com os outros dois filmes dele que eu já vi (os citados acima).


Ontem meu mau humor atingiu a estratosfera. Peço perdão aos meus pobres amigos, alvos de vários chiliques ao longo da noite, e a Guiom, claro, que também foi gravemente atingido, mesmo estando lá em Lyon, feliz da vida ao lado de seus melhores amigos. A crise só teve uma coisa boa: em termos de chatice, consegui a proeza de botar Bruno Ricardo no chinelo.


PS: Vocês têm noção do que é eu, Milena e Isabella de vestidos iguais? Não? Mas em breve vão ter. Aguardem.

sábado, 4 de outubro de 2003

João Arthur em momento filosófico:

-Mãe, quando tu era bebê, onde é que eu tava?
-João, quando eu era bebê, tu ainda não existia...
_Não?! (intrigado)
_Não, não existia ainda não.
-Mas agora eu existo, né mãe? Ou não?


João Arthur em momento profético:

- Jéssyca, esse brinquedos são meus, ainda não são do meu irmão!
-Que irmão menino?
-O meu irmão, Miguel. Tu num sabe quem é não?
-Tu não tem irmão, João!
-Tenho sim, minha filha!
-Tua mãe não tá nem grávida ainda, como tu pode ter um irmão?
-Minha mãe está grávida sim. É que ela é muita magra, aí não dá pra ver.

Dias depois refletindo sobre o assunto:

-Mãe, já sei o que está acontecendo! É que meu irmão ainda está na tua cabeça, no pensamento, sabe? Depois ele vai descendo aos pouquinhos...


João Arthur em momento perceptivo:

-Vovó, desenha o meu pai... Não vovó, tu ta desenhando o cabelo dentro da cabeça, o cabelo é fora! Ah, entendi... o cabelo começa dentro da cabeça e depois sai pra fora, né?
É quarto crescente
E já venero a lua cheia
O disco ainda nem foi lançado
E já sei a letra de cor
O sol ainda não nasceu e já estou estendida na areia
Fuzilem-me:
Não há nada em que eu não creia.

Martha Medeiros

Eu acredito em muitas coisas. Acredito na vida e nas pessoas. Acredito que vou conseguir fazer as coisas que quero fazer. Acredito que tudo vai dar certo no final. Hoje meu Guiom foi aprovado na defesa do estágio de Cingapura depois de uma semana de tensão (ele foi reprovado sexta passada mas teve uma segunda chance). Estou tranqüila agora, e ainda mais crente. Por isso, nesse momento crucial acredito em duas coisas vitais: acredito que vou conseguir terminar de escrever meu projeto em tempo hábil e ele vai ficar bom e acredito que meus amigos vão ser sempre meus amigos, não importa o quanto o projeto final de graduação nos separe por algum tempo. É muito bom ter vocês por perto. Isso vale pra todos mesmo, indistintamente. Mas vale especialmente pra Lumy, que eu não vejo há muito tempo e de quem tenho muitas saudades, pra Milena, que eu não quero que vá embora de jeito nenhum e pra tu Bruno, seu chato. Espero que a gente nunca se deixe perder.