sexta-feira, 20 de agosto de 2010

uma vez eu li uma frase da qual eu gostei muito

não lembro onde foi. nem de quem era.

lembro o ano. 1998. o segundo ano turning point da minha vida. um ano importante.

na época eu compartilhei a frase com lumy, minha irmã nascida de outra mãe.

e ela adorou também. mas aí emocionou-se de tal maneira com a frase que eu comecei a duvidar de que eu realmente tivesse entendido direito o que ela queria dizer. e é lógico que não adiantou nada lumy tentar me explicar.

tem coisas assim, nessa vida. que tem um tempo próprio pra serem compreendidas e assimiladas.

e foi então que hoje, doze longos anos depois eu entendi a frase.

assim, no meio dessa tarde, que não tem nada de banal. uma tarde importante.

a frase era _

nem toda luz piscando é um farol. é preciso que haja o ritmo.

eu acho que eu encontrei um farol afinal. ou pelo menos, agora eu sei reconhecer o que não é um.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

enquete

a pessoa namora uma outra pessoa.
e pensa que ela é, bem, assim, peculiar. em vários aspectos.
mas só.
nada demais.

até o dia em que essa outra pessoa revela que, em meio a um turbilhão de acontecimentos e obrigações importantes _ terminar o doutorado, assumir como professor na federal, preparar todas as aulas que ministrará _ ela está dedicando boa parte de seu tempo a:

desenvolver com um amigo um programa de busca inovador.

certo até então.

mas, por que isso?

aí é que tá.


desenvolver com um amigo um programa de busca inovador somente porque os algoritmos envolvidos são desafiadores. e é preciso brincar de lidar com eles. palavras do próprio.

nessa hora, você, namorada, se pergunta _ devo eu temer pelo futuro do meu fígado, como diria ailton? ou tá tudo certo?

terça-feira, 1 de junho de 2010

eu achei que era digno de nota

hoje meu filho de 11 anos quase completos usou sabonete facial anti-acne pela primeira vez.

e eu sei que eu vou passar o resto da semana ponderando sobre o significado disso.

e pensar que, quando esse blog começou, ele ainda estava na fase dos porquês.

terça-feira, 18 de maio de 2010

envelhecer é

Envelhecer é ir pra balada com amigos de cinco a dez anos mais novos que você e não compreender como é que as pessoas conseguem continuar dançando loucamente às 4 da manhã apesar de toda a vodca e de todo o salto alto e de todos os cigarrinhos mágicos e de toda a fome e de toda a dor nas pernas e de tudo o mais.

Envelhecer é esquecer que um dia você também foi assim.

O mais engraçado de envelhecer é perceber que você não sente saudade desse tempo. Que você se prefere agora. Por mais clichê que seja dizer isso.

Certo. Eu queria ainda ter pique pra continuar dançando loucamente às 4 da manhã apesar de. Mas eu não queria ter vinte anos de novo de jeito nenhum. Que meus vinte anos foram ótimos mas nada fáceis.

É a crise dos trinta batendo à porta né. Agradeço quaisquer os bombeiros enviados em meu socorro. Digo logo.

sábado, 23 de janeiro de 2010

eu não sou assim. tá eu sou. às vezes, só.

eu sempre me abalo quando uma coisa horrível, uma guerra ou um desastre natural, acontece em algum lugar.

mas hoje eu inventei de assistir o programa do Hope For Haiti Now com João.

e ele ficou chocado e pasmo e assustado como poucas vezes antes.

principalmente quando viu a enorme quantidade de crianças órfãs, desabrigadas, feridas.

e ver o coração dele partido partiu o meu com uma força que eu não esperava.



acho que é isso, ser mãe.
sofrer mais, não é, bem mais, com o sofrimento dele do que com o meu.

porque será que as pessoas ainda têm filhos nesse mundo? me digam?



bom. enfim. então.
cá estou eu, pedindo ajuda, desesperada.

eu não faço isso.
mas dessa vez eu me senti na obrigação.
e eu sei que vocês vão me entender.


entrem aqui, leiam, reflitam, ajudem se puderem.

tem mais ali e acolá também.

sábado, 9 de janeiro de 2010

eu morro de medo dessas coisas

Por que, apesar das más notícias que acabara de receber, havia um leve sorriso no rosto de Ka enquanto andava na neve, indo da avenida Faikbei para a Confeitaria Vida Nova? Alguém estava tocando "Roberta", de Pepino di Capri, uma canção pop melodramática da década de 60, e aquilo o fez sentir-se como o melancólico herói de um romance de Turgueniev saindo para se encontrar com uma mulher com quem sonhara durante anos. Para falar a verdade, Ka amava Turgueniev e seus romances elegantes, e, como o escritor russo, estava cansado dos intermináveis problemas do seu país e chegou a desprezar seu atraso, só para acabar se surpreendendo a olhar para trás com amor e saudade depois de mudar-se para a Europa.

em Neve, de Orhan Pamuk.

porque eu também amo Turgueniev.
e porque eu li esse trecho e senti aquele velho arrepio de reconhecimento e identificação.

porque eu, e Ka, e Turgueniev, nesse ponto - ir embora, olhar pra trás, amor, saudade - somos a mesmíssima pessoa.