segunda-feira, 8 de novembro de 2004

Amanhã defendo minha monografia. Até que enfim, devem dizer vocês. A verdade é que esse foi um ano tumultuado, cheio de mudanças bruscas de direção. Mas estou aqui e terminei de escrever meu projeto experimental, uma verdadeira glória. Nesse momento outras tantas coisas inquietam meu coração, mas depois falo delas. Por enquanto o post é só isso mesmo que eu tenho que me preparar pra minha defesa.

sábado, 30 de outubro de 2004

No inverno a vida tornava-se atenta a si mesma, compreensiva e íntima. O cheiro se amansava, a lama apaziguava o campo. A voz durante horas silenciosa soava rouca e morna. O ar era úmido, as coisas do quarto isolavam-se através do frio e só a escuridão fundia os móveis. Lá fora a chuva caía sem força, sem cessar. O vidro descido da janela iluminava-se fracamente pela luz dormente do pátio. As gotas escorriam trêmulas, brilhantes, secretas pela vidraça. Mas as folhas se desprendiam das árvores e arrastadas pelo vento nela batiam num rumor quase imperceptível. Gostaria de contar ou de ouvir uma longa história só de palavras, mas ele nesses tempos mantinha-se silencioso e difícil, quase inexistente no casarão. Ela ficava mais sozinha, olhando a chuva. Sentia-se interiormente arroxeada e fria, no seu corpo era lentamente asfixiado um passarinho. Mas isso era tanto viver que as horas decorriam felizes e distantes como se já estivessem marcadas pela saudade. De sua cama larga enxergava o teto perdido nas sombras, as paredes fundindo-se em penumbra. Só a janela brilhava quieta, só o ruído molhado incessante. No ar uma respiração contida pairava no escuro como o bater contínuo de asas de uma borboleta. Voltava as costas para a janela, movia-se devagar no leito de casal da avó. O existir da borboleta continuava a ofegar com os olhos fixos nela. Um vento de gritos vinha do interior da mata como almas fugindo em desespero. Era a mistura das vozes de coruja e das águas, do esfregar das folhas, dos últimos estalidos secos antes da umidade, tudo unido na mesma fuga aguda esgazeada, um vento de gritos atravessando o casarão como um sopro. Ela puxava a colcha quente e grossa com um pequeno cheiro de cinza. Debaixo dela seu corpo e o estreito espaço que seu corpo ocupava tornavam-se um mundo familiar. Deixava então que o medo enfim escorresse, agora que estava abrigada. Procurava mesmo não adormecer para sentir tudo até tudo virar-se por si próprio e transformar-se em outra coisa que não o medo. Assim nada perdia do silêncio da noite de inverno. Os dias eram de uma tristeza perfeita que terminava por se ultrapassar e deslizar para uma quietude sem além. Os ramos vergavam nervosos ao vento, um impulso sem direção torturava as árvores e do rumor sem ritmo nascia como um grande vento fresco a esperança de amar e viver.
Ia para o fundo do casarão com o capote velho sobre o corpo. Um instante ainda parava diante da meia claridade da chuva correndo e depôs seguia. Não via muito à sua frente, seus olhos esbarravam na chuva que parecia subir da terra numa espessa fumaça. Com o rosto frio adiantava-se e alguma coisa era pungente, alta e indecisa no seu coração. Entreabria os lábios recebendo a névoa gelada no centro morno do corpo. Caminhava afastando os galhos pesados d'água, dolorosos, trêmulos. Olhava para trás e não enxergava mais o casarão, chuva, só chuva. Então dizia alto numa voz que soava estranha e audaciosa entre o rumor da água escorrendo:
- Eu estou só.


É um trecho de O Lustre de Clarice Lispector. Um trecho sobre a infância da personagem principal. Um trecho, para mim, demasiado doloroso e belo. Um trecho que me lembra minha infância. A mesma força dentro do peito de criança dizendo que a vida pulsa sem parar. A mesma solidão irremediável para sempre. Só uma criança que cresceu sozinha num casarão silencioso sabe que sensação é essa. A sensação de que é preciso que sempre haja sofrimento e dor, porque é somente sangrando que sabemos que há sangue rubro e quente correndo nas veias. Uma sensação que nutre e destrói, pois é assim que é. Tudo o que nutre, destrói. E além, a certeza atávica e arraigada de que a solidão estará sempre lá, entranhada na alma desde nem se sabe quando. Uma solidão íntima, secreta, companheira. Irremediável para sempre.

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

Só pra ninguém ficar dizendo por aí que eu abandonei o blog ou que eu sou sumida, resolvi postar hoje, contrariando meu bom senso, que me manda ir estudar e cuidar da vida.

Pois é, faz tempo mesmo. O negócio é que aulas, de manhã, de tarde e de noite, provas e mais provas, dois estágios (infelizmente não remunerados...) e uma monografia que até que enfim chega ao fim, não me deixaram tempo pra lembrar do meu pobre mundinho abandonado.

Mas, a carruagem sempre anda e aqui estou eu de novo. Guiom veio passar uma semana aqui (agora ele já foi embora de novo, domingo passado) e eu me dei uma folga de todas as minhas obrigações. Ele mudou de emprego, conseguiu um mais legal, lá em Campinas mesmo e parou pra descansar por uns dias.

Minha querida amiga Milena veio de Maceió pra nos ver, o que me deixou muito feliz. Nesse fim de semana recebi e-mails de Patrícia (que está em Caiena, na Guiana Francesa) e de Marie (que está em Lyon, na França). Aí pronto, já viu... Comecei a pensar em todo mundo que eu adoro e que está espalhado pelo mundo. Pensei em Emilie, minha amiga da Martinica que está em Beirute com nosso querido Walid (que está trabalhando por um mês na Jordânia), pensei em Andy em Nova York, e em Grace em Nova Jersey, em Ciryl e Emilie na Índia, em Damien em Hong Kong, e em mais um monte de gente que eu não esqueci, mas não vou citar se não seria um post gigante só com nomes e lugares.

Fiquei pensando nesse povo todo e quase morro de saudades. Os amigos que fazemos deveriam ficar junto da gente pra sempre. Mas não é assim que a vida funciona. Infelizmente.

Minha mudança pra Campinas mudou de tom. No início eu me descabelava pelo aspecto existencial, metafísico da coisa (meu deus! vou embora da minha terra!). Agora me preocupam os detalhes práticos. Transportadora, escola, imobiliária, pediatra, faxineira... Não me revolto mais com o fato, mas continuo em fase de adaptação ao fato.

Semana passada João me veio com essa (no posto de gasolina, depois de observar atentamente a frentista encher o tanque, calibrar os pneus e verificar o óleo e a água):

- Quando eu crescer, antes de ser cientista eu quero ser posteiro!
- O que é posteiro?
- Ohw, mãe! Num sabe não é? É uma pessoa que trabalha num posto de gasolina!
- E o nome num era colocador de gasolina?
- Era, mas agora eu descobri que eles não fazem só isso da vida...
...
- Sim, mas, e aí, tu vai ser cientista também?
- É. Cientista louco!
- Louco?!?!
- Bem, louco, eu não sei se eu vou ser mesmo. Isso eu ainda vou resolver.


Dos últimos filmes que vi dou especial destaque a "Encantadora de Baleias", neozelandês da diretora Niki Caro. É um filme muito lindo, sensível, tocante e muito, muito sutil. A menininha que faz o papel principal, Keisha Castle Hugues, concorreu ao Oscar de melhor atriz e é mesmo super talentosa. Eu, boba que sou, chorei o filme todo. O que não significa que seja um filme melodramático, claro. Mas é com certeza um filme que todo mundo deveria ver, especialmente agora que todos os olhos estão voltados pra o cinema da Nova Zelândia (vide o mega sucesso da trilogia de O Senhor dos Anéis). Não poderia esquecer de "Dolls", do japonês Takeshi Kitano, um filme doloroso em cada cena, lento e com um visual incrível; e como disse Marco Frenette, da Bravo!, um filme sobre a danação do amor e a violência do espírito, mais que isso, um filme em que paixão e obsessão são como sinônimos.

Passei as últimas três semanas ouvindo Portishead e lembrando de Guiom e Luís, dois super fãs da banda. Guidi, Luís, dedico todas as músicas que tocaram na minha vitrola a vocês dois.

Dei um tempo no livro de Berkeley e comecei a ler "O Lustre", de Clarice Lispector. Mas, não adianta fugir... O livro de Clarice me lembra muito o de João Gilberto Noll e aí, o doido do Berkeley se instala de novo no meu quarto e não quer ir embora. Se eu enlouquecer, todo mundo já sabe a causa.

Minha monografia termina, como disse lá em cima. Concluí, com a ajuda de alguns autores da minha bibliografia, que:

A pedagogia da comunicação acredita que a atividade didática é um ato de comunicação e integração cuja preocupação é fazer com que os conhecimentos adquiridos a partir das necessidades dos sujeitos gerem novos conhecimentos, uma vez que essa pedagogia visa satisfazer os desejos dos indivíduos: o desejo de saber, de construir, de ser, de viver.


Queria eu ter sido educada tendo como base uma pedagogia assim... mas eu cresci num colégio feminino e católico, e tive que fazer um esforço enorme pra ser o que eu sou hoje.



segunda-feira, 23 de agosto de 2004

Divagações sobre Berkeley, não necessariamente em Bellagio...


"O Livro das Ilusões", obra de Paul Auster que estou lendo e do qual falei dois posts atrás, é a estória de um professor universitário que perde sua família e reencontra o prazer de viver estudando a obra cinematográfica de um comediante dos anos 30. A grande questão é que esse comediante desapareceu sem deixar vestígios no auge de sua carreira e nunca mais ninguém soube dele. Um belo dia, depois de ler o livro que o professor escreveu sobre seus filmes, esse comediante ressurge do nada e, é claro, vira a cabeça e as idéias do professor de pernas pro ar.

Bom, não vou entrar em detalhes, mas o que quero contar é que em determinado ponto da estória, o professor assiste um filme do comediante (que era também diretor) que ele desconhecia. O filme é sobre um escritor que se refugia numa fazenda para terminar sua nova obra. Uma manhã, quando ele acorda, há uma mulher em sua cama. Refeitos do susto inicial, ela explica que foi convidada a isolar-se na fazenda para estudar para alguns exames. Mais ou menos como ele. Um truque dos donos da casa. Ou uma coincidência estranha. Os dois têm o mesmo nome: Martin. Quer dizer, esse é o prenome dele e o sobrenome dela. Mais uma coincidência estranha. Ela faz faculdade de filosofia. Onde? Em Berkeley. E qual é o filósofo que ela estuda agora, para fazer os exames? Berkeley. Ela usa um moletom onde se pode ler a palavra Berkeley bordada. Um jogo de coincidências. Em certa cena, ela lê:

E não parece menos evidente que as várias sensações ou idéias impressas no sentido, por mais misturadas ou combinadas que estejam, não podem existir a não ser na mente de quem as percebe.

É um trecho de "Os Princípios do Conhecimento Humano", de George Berkeley.

A primeira vez que ouvi falar de Berkeley foi há uns sete anos atrás, em "O Mundo de Sofia", de Jostein Gaarder. Parece um pouco bobo, mas é verdade: eu fiquei tão impressionada que fui atrás do livro do cara (que, por obra e graça da sabedoria dos meus pais, ou por uma coincidência estranha, eu achei aqui em casa). O livro é o mesmo que Claire Martin lê no filme que o professor assiste. Comecei a ler e, como os conceitos de Berkeley são um tanto complexos, adormeci. Tive um pesadelo horrível, acordei com um grito, angustiada. Sonhei que eu não existia, que eu era um pensamento, uma sensação impressa na mente de alguém que eu não conhecia, mas que se parecia muito comigo mesma (nunca vou esquecer esse pesadelo). Eram quatro da tarde e eu estava atrasada pra minha aula de Use of English (um curso paralelo que eu fazia na Cultura Inglesa; eu amava tanto aquilo lá que vivia fazendo cursos paralelos...). Pois bem, cheguei lá e fui incumbida da tarefa de ler e analisar um artigo da Time e na aula seguinte comentar as expressões novas, sua fonética e concordância. Minha professora, a mesma desde muitos anos e minha amiga pessoal, olhou-me bem nos olhos e disse: "Escolhi esse texto especialmente pra você, sei que você vai gostar dele". Chego em casa e quase morro de susto. O texto era sobre a obra de Berkeley, mais especificamente sobre um curso cujo programa era a obra de Berkeley na Universidade de Berkeley. Silêncio no meu quarto. Ei, o que está havendo aqui? É só o que consigo pensar. Um jogo de coincidências estranhas, só pode ser. Não. Não quero mais ler Berkeley, nem O Mundo de Sofia nem esse artigo inoportuno. Estou assustada. Nesse ponto lembro que Sofia também fica assustada no fim do capítulo sobre Berkeley. Ele a assusta, tanto quanto a mim. A última frase dela nesse capítulo é: É como viver um pesadelo. Ou: É como viver o pesadelo, no meu caso.

Foi uma semana cheia de coincidências estranhas essa. Eu procurava não dar crédito a elas, mas estava tão sensibilizada que tudo parecia me falar das teorias de Berkeley e do meu pesadelo. Eu lembro muito bem de não ter comentado nada com ninguém para não parecer uma louca obsessiva. Eu tinha medo de dormir e de ficar sozinha. Eu achava que eu estava recebendo sinais e que alguma coisa sobrenatural iria acontecer, e eu definitivamente não estava preparada pra isso.

No fim das contas, não aconteceu nada demais, quer dizer, sem contar com as coincidências, que na minha opinião, já queriam dizer muita coisa. O tempo passou e Berkeley sumiu da minha vida.

Até o dia em que Guiom comprou a Cult e na contracapa eu li quais eram os livros selecionados para receber o prêmio Portugal Telecom. Qual estava entre ele? "Berkeley em Bellagio", de João Gilberto Noll. Tudo bem até aí. No dia seguinte eu compro a Bravo!, e leio um artigo sobre quem? Noll, o próprio. No mesmo instante pensei: olá Berkeley, voltasse, hein? Deixei quieto. Sabia que ele voltaria a se mostrar no momento certo e esperei.

Dois meses depois, vi o Noll em pessoa no Centro em Cena. Boquiaberta decidi comprar o livro. Só consegui achá-lo dois meses depois. Só consegui lê-lo mais dois meses depois. Tudo bem Berkeley, eu espero por você.

E eis que esbarro em Berkeley no livro de Paul Auster. Tchanram! Até que enfim nos encontramos de novo, baby, senti saudades de você. Pego "O Mundo de Sofia, releio o capítulo sobre ele. Pego o livro dele, recomeço a ler. Ok, você venceu. Virei uma obcecada agora e só me curo quando eu te entender.

O problema é que Berkeley era um bispo irlandês. Tudo bem até aqui. Nada pessoal contra os bispos que não conheci pessoalmente. O problema mesmo é a teoria dele, que fascina e ao mesmo tempo me causa uma certa repulsa, uma vez que não sou cristã.

Berkeley (em poucas e adaptadas palavras) dizia que não podemos ter certeza de que existimos, de que as coisas e seres que nos cercam existem de verdade. Pra ele, a realidade é uma criação da nossa consciência, e essa nossa consciência, assim como tudo o mais que conhecemos, incluindo a idéia de tempo e espaço, são nada mais que impressões contidas na mente (ou sei lá onde) de uma força superior, sobre a qual não temos o menor controle.

Ou seja, a gente não é gente de carne e osso. A gente é pensamento. O pensamento de alguém cuja presença podemos apenas sentir de leve, já que esse alguém é imaterial, aliás, como nós, as coisas, os seres, etc. É claro que Berkeley, sendo um bispo da Igreja Católica, está falando do deus cristão. E é dessa parte que eu não gosto. Não porque eu não acredite nesse deus (mesmo porque eu acredito em outros), mas porque eu não acho que deuses sintam prazer em manipular fantoches. Ou tenham tempo para se preocupar com isso.

Enfim, o que sei é que Berkeley encasquetou comigo. E eu com ele. Decidi ler o livro dele todo. Pretendo decifrá-lo. Depois eu conto como vai o meu caso de amor com a minha mais nova paixão literária fulminante.

domingo, 15 de agosto de 2004

Eu era Berkeley, o célebre filósofo sensualista que acreditava, dizem, que a subsistência das coisas dependeria da qualidade da percepção e não da feitiçaria da linguagem - e qual percepção eu poderia ter de mim mesmo naquele vão noturno que quase me engole num repente?

...então me vejo aqui em Bellagio já sem saber o que fazer de mim, tenho a intuição de que há muito não saio daqui de onde adivinho os meus despojos no pó que se levanta misturado ao sol que não me anima mais mas que me devora, devora-me no ocaso dessa hora que lenta cai atrás daquele monte lá na frente, com o topo já bem nevado de novo, o vento ardendo em minhas orelhas como se eu ainda as possuísse: estou aqui, só vejo o monte, a noite que rola pela encosta e esconde de mim a imagem que nem sei se tenho ou tive, se não fui um engano...

Eu era Berkeley em Bellagio, o bispo e filósofo irlandês em retiro pisando em folhas secas, me afastando da janela atrás da qual um pianista moderno e uma mulher vestida de outrora talvez ensaiassem alguma ópera, talvez chamada "Fantasia quase sonata depois de uma leitura de Dance", em honra sim de Liszt, que aqui vivera uma paixão fervida, enquanto eu caminhava com cuidado, temendo escorregar no limo da umidade, ouvindo Cosima quem sabe cantar em seu leito de morte qual a Dama das Camélias...

Nenhuma cena era mais pungente que essa, reservada apenas aquém tem o privilégio de morrer no próprio leito, cercado pelos seus amores, sabendo que a mão que afaga seus cabelos, e essa agora a segurar a sua como se do alto de uma embarcação puxando a mão do náufrago, que essas mãos são as únicas sensações de vida.




Esses são trechos de "Berkeley em Bellagio", um dos mais impressionantes romances que li nos últimos meses, de João Gilberto Noll, um cara que eu acho um gênio da literatura brasileira contemporânea (não que eu saiba tudo sobre o assunto, mas, eu leio um pouquinho às vezes...).

Hoje o post é só isso mesmo. Porque hoje eu me sinto uma típica personagem de Noll: perdida, sem rumo, sem lugar no pequeno mundo, sem noção de qualquer coisa que seja. Mas tudo bem... Acontece de vez em quando. E o mundo gira, mesmo tão pequeno. E a vida segue, mesmo tão incerta.

quarta-feira, 11 de agosto de 2004

Essa estória eu vou contar porque vale a pena ser lida. Guiom foi pra França. Quer dizer, a essa hora ele já voltou pra Campinas, mas vou explicar direitinho que é pra ninguém reclamar. Ele foi pra Paris na quinta à noite, foi a trabalho, tudo pago, só pra pegar umas peças que tinham pressa de chegar.
Deveria pegar as peças no aeroporto mesmo e de lá voltar. Mas pediu pra ficar porque se ele não ficasse nem um dia, seria muita crueldade. E ficou, um dia e meio, pra deixar a mãe dele feliz e me deixar morrendo de inveja, dele e dela...


João não recebeu muito bem a volta as aulas dessa vez. Motivo inesperado por uma mãe que não se cansa de ser pega de surpresa: Mila (uma coleguinha de classe altamente popular na escola) não quer mais brincar com ele. E ele só quer brincar com Mila, porque só gosta de brincar com ela, ponto. O problema é que eu não estava preparada pra lidar com uma desilusão amorosa tão precoce.


João e a profissão da semana:
Toda vez que a gente vai abastecer o carro, ele desce rápido e previne:
- É que eu tenho que prestar bastante atenção em como se faz que é pra não errar quando eu crescer e for colocador de gasolina.


João, explicando a Bruno porque o adversário do Yu-Gi perdeu dele no duelo de cartas:
- As cartas dele eram muito "patéticas"...

João, exercendo seu poder de me policiar:
- Mãe, posso tomar refrigerante?
- Não, João, sexta-feira não é fim de semana.
- Se sexta-feira não é fim de semana, porque você vai de noite pra Feirinha?
(Ele tomou refrigerante...)


Estou quase terminando de ler "O Livro das Ilusões" do americano Paul Auster. É o primeiro livro que leio dele e já virei fã. Li esses dias uma entrevista na Bravo! com Martin Amis, um expoente da literatura inglesa atualmente, e ele dizia que o romance precisa deixar um pouco de lado as invencionices narrativas e voltar a contar boas estórias. Nesse sentido, de saber contar boas estórias, Auster é mesmo um grande romancista. O romance mais novo dele é "Noite do Oráculo", mas parece que o melhor é "A Invenção da Solidão". Os outros são "Da Mão para a Boca", "Timbuktu", "Leviatã" e "A Trilogia de Nova York". Fica a recomendação pra quem quer conhecer o que se faz de melhor em literatura de língua inglesa hoje em dia.


Essa semana toca um pouco de tudo na minha vitrola. Sonic Youth, Massive Attack, P J Harvey, Lenny Kravitz e sem parar uma música do Goo Goo dools que eu adoro e que me faz chorar, Íris..

And I¿d give up forever to touch you
¿Cause I know that you feel me somehow
You¿re the closest to heaven that I¿ll ever be
And I don¿t wanna go home right now



Esse fim-de-semana vimos no cineclube "Cidade dos Sonhos" de David Lynch, com a Naomi Watts no elenco. Como era de se esperar, vindo de Lynch, um filme muito louco e muito estranho. Mas um ótimo filme, mesmo assim. Não fosse o meu amigo João Faissal, que providenciou uma convincente explicação baseada em Pablo Vilaça, eu estaria sem entender patavina até agora, por mais esperta que eu queira ser.

Vi também "A Viagem de Chihiro", um dos melhores desenhos que já vi até hoje (e olha que eu já vi quase todos disponíveis no mercado...). Épico e trágico, surreal até dizer chega, sem vestígios do modelo Disney consistente em fornecer uma ¿lição de moral¿ à criançada. O diretor (Hayao Miyazaki) deve ter queimado um tanto os neurônios para criar um universo tão "perturbador e deslumbrante em medidas rigorosamente iguais" como quer Sérgio Augusto de Andrade, da Bravo!. Ou então a infância dele não foi das melhores.


Finalmente terminei minha mudança do apartamento no Bessa de volta pra casa da minha mãe. Se eu disser que estou radiante, vou estar mentindo feio. Queria minha casa, meu marido, minha vida, etc., etc., de novo. Mas, enfim, a gente não escolhe certas coisas que vão acontecer na nossa vida, né mesmo?


Minha primeira semana de aula na turma nova de Direito foi tranqüila. Algumas pessoas chatas, outras nem tanto; aulas e professores, idem, idem. Agora estou no quarto ano, tenho que terminar esse troço de qualquer jeito, por mais chato que seja.


Na Aliança Francesa também, primeira aula do semestre, tudo na paz. E eu percebi que eu aprendo francês mais ouvindo Guiom e demais franceses ao meu redor falando do que tendo aulas...




sexta-feira, 30 de julho de 2004

Só existe uma coisa na vida pior
Que viver uma vida pela metade.
Uma parte de você aqui,
A outra longe daqui.
E a sensação pertubadora de
Nunca mais poder juntar
As duas partes.
A única coisa na vida
Pior do viver uma vida
Pela metade
É ter a certeza absoluta
De que só é assim
Porque foi
Sua escolha.

sexta-feira, 23 de julho de 2004

Dessa vez, Gio falando. Aliás, falando diretamente de Campinas, São Paulo. Não, não vim de vez não. Só por uma semana, pra ver qual é a parada, conhecer o ambiente. Ou, como diz minha terapeuta: para desmistificar a imagem que eu tenho de vir morar aqui. Por enquanto estou achando tudo legalzinho. Não vi muita coisa, só dei umas voltas no bairro onde Guiom mora, que é o bairro da Unicamp. É um bairro tranquilo, bom astral. A questão é que fico o dia inteiro sozinha e isso me incomoda um pouco. E é como disse Guiom uma vez: Campinas é uma cidade boa pra se viver, segura e moderna. Mas não tem nada demais. Não tem o charme de Paris, de Lisboa, do Rio ou de João Pessoa. E além disso tem um jeito meio USA de ser (fui ao shopping daqui e me senti em Palm Beach, tantas palmeiras importadas à minha volta...) Mas é aqui que vou morar em breve e não quero ficar falando mal. Guiom descobriu dois tesouros aqui por perto que eu adorei: um sebo de respeito e uma padaria alemã simplesmente magnífica. Isso é bom; com essas pequenas coisas vou acabar gostando daqui.

Sem nada pra fazer a não ser estudar, ler e dar voltas por aí, acabo assistindo um monte de filmes. O de ontem foi "Geração Roubada" de Phillip Noyce, com Kenneth Branagh no elenco. Não levem em conta o nome meia-boca do filme pois o nome original é Rabbit-Proof Fence (mais ou menos "Cerca à prova de coelhos") e faz todo sentido do mundo. É uma estória sobre os abusos cometidos contra os aborígenes da Austrália até bem pouco tempo atrás. Tem uma fotografia pra lá de poderosa do deserto australiano e a atuação das crianças roubadas de suas tribos é boa mesmo. Recomendo, recomendo. Não é todo mundo que vai se emocionar, mas eu quase morri de aflição. Filmes sobre pais e filhos que se perdem uns dos outros sempre me abalam muito, razões óbvias.

Observação desnecessária: tou morrendo de saudades do meu Juanito. E ele lá, todo feliz porque sabe que toda vez que eu viajo ele ganha um monte de presentes na volta... nada interesseiro...

Só escuto Depeche Mode e David Bowie há uma semana. Culpa de Guiom que só trouxe uns míseros cinco cds pra cá... e minha, que não gosto nem um pouco de rap francês.

Terminei ontem de ler "Vida de gato", segundo romance que leio da minha amada Lady Averbuck. Gostei, só. Parece muito com o primeiro livro dela ("Máquina de Pinball") e acaba muito rápido. Clarah, perdoe-me, mas às vezes eu prefiro os textos antigos do blog...

sábado, 3 de julho de 2004

Frila
Bruno falando. Pois é, vocês leram bem.
Mas não se trata dessa moda de neguinho postar nos blogs alheios (interblogalidade). É que Gio me pediu pra botar uns links aqui orbitando o mundo pequeno. E eu, metido como sou, fiz mais do que isso, como os mais perspicazes hão de notar.

O problema é ela atualizar esse negócio, porque Gio e seu PC definitivamente não foram feitos um para o outro...

Ah, sim, e hoje tem cineclube aqui em casa. Digo, na casa de Gio!
Bjins nas bochechas de todos!

terça-feira, 22 de junho de 2004

Aconteceu. E só pra variar não sei se fico aliviada ou apreensiva. Guiom conseguiu um emprego. Foi contratado por uma multinacional em Campinas. Campinas. Campinas, estado de São Paulo. Longe, bem longe daqui. Começa a trabalhar amanhã. Vem me ver no sábado e volta pra lá no domingo. E depois, a gente ainda não sabe...

Por enquanto eu fico aqui. Por minha monografia, por meu curso de direito abandonado às moscas, pelo ano letivo de João. E por outras inúmeras e invisíveis amarras que me prendem a João Pessoa. Eu já andei pelo Brasil quase todo, boa parte da Europa e um pouco dos EUA, mas nunca estive longe de casa por mais de um mês. Eu tenho os pés fincados aqui, não sei por que, não me perguntem. Eu achei que poderia rodar o mundo e voltar pra cá, mas eu conheci um cara que não tem os pés fincados em lugar nenhum e me apaixonei por ele por isso e decidi casar e agora vou embora e eu já sabia disso, como ele mesmo diz. Só que agora eu tenho uma data, e isso me perturba porque eu não sei se vou voltar.

E sinto terríveis saudades antecipadas. Guiom já foi embora uma vez e eu sei como é. Só que agora, cinco meses em Cingapura vai ser pinto perto dessa mudança definitiva. Aí tento pensar: pelo menos é no Brasil. Ok, vamos fingir que não é nada, combinado.


João superou a fase em que a mãe detêm a sabedoria absoluta sobre o universo e agora questiona o tempo todo minha autoridade e meus conhecimentos. As novas frases preferidas dele no momento são "tem certeza absoluta disso" e "como é que você sabe". E eu me pergunto se eu posso com isso.


O cineclube da retomada foi um sucesso, apesar de a única e exclusiva presença ter sido a do meu amigo Bruno Ricardo. E Cães de Aluguel é mesmo ótimo não deixem de ver.


Ontem, depois de algum tempo, revi meus amigos de arquitetura. Definitivamente, e não só por eles, é claro, vai ser difícil ir embora. Como se não bastasse eu ir, minha amiga-irmã Lumy vai concorrer a um mestrado no Japão. É. E a vida segue.


segunda-feira, 14 de junho de 2004

Meu marido viajou na sexta pra São Paulo para procurar emprego, e eu, depois de 4 dias sem ele, simplesmente sobrevivo. Cozinho, lavo louça, lavo roupa, arrumo a casa, brinco com João, dou banho, dou comida, leio estórias, canto músicas, faço ele dormir, escrevo a monografia, analiso a monografia, reflito sobre a monografia, e sobrevivo. E penso na vida e no meu futuro nebuloso. Campinas deve ser uma cidade legal. Caiena nem tanto. Bucareste não sei mesmo. Montreal talvez.

Essa coisa de ter a possibilidade de morar em qualquer lugar é muito doida. Às vezes sonho que moro em Sarajevo. Ou Hanói. Ou Chicago. E acordo pensando que o mundo é mesmo pequeno demais. Às vezes isso é legal, você viaja por aí e se sente livre e poderoso. Às vezes, quando eu gosto de João Pessoa, Paraíba, Brasil, isso é uma merda. Eu queria que o mundo inteiro fosse a praia de Cabo Branco e todo mundo que eu amo morasse lá. Eu iria nadar com eles todos os dias no mar calmo e faria luaus ao anoitecer. Mas felizmente o mundo é maior, e infelizmente eu vou ter que ir embora. A questão agora é: pra onde? Não, a verdadeira questão é: eu vou sobreviver?


Algumas observações:

Terminei de ler Dorian Gray e o final me deixou abalada. Recomendo.

As melhores festas são as pequenas e íntimas e bobas festas na nossa própria casa.

Os melhores amigos são os que guardam todos os seus emails (mesmo os meio comprometedores) e lêem todos eles de vez em quando. E ainda por cima aceitam todos os seus bjins sem reclamar, mesmo achando isso a maior frescura.

Os melhores fantasmas são os exorcizados. Amanhã é a vez de Milena despachar o seu fantasma monográfico. Vamos todos torcer por você, amiga.

quinta-feira, 10 de junho de 2004

Ontem tive uma surpresa genial e logo em seguida um momento de felicidade absoluta. Descobri que minha adorada Clarah Averbuck continua postando no Brazileira!Preta.
Lady Averbuck é uma das minhas mais fulminantes paixões recentes. Descobri Clarah numa matéria da Bravo! Sobre novos escritores. Entrei no blog e caí de amores pelo texto dela, por sua vida louca e seu coração atordoado. Um dia Guiom achou o primeiro livro dela ("Máquina de Pinball") e me deu de presente. Adorei, adorei, adorei. Aquele estilo afetado, desesperado, de quem tem pressa de viver porque sente que a vida pulsa sem parar. Virei fã. E ela virou mãe. E anunciou que iria parar de escrever no blog porque estava cansada. Fiquei péssima. Me senti carente, abandonada. E eis que enfim ontem volto lá e descubro que ela resolveu voltar porque that words she writes still keep her from total madness. Fiquei feliz como uma criança que ganha um grande presente, inesperado e sem motivo especial.



Essa semana vi filmes de diretores que eu adoro, mas não adorei os filmes, necessariamente:

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, de Alfonso Cuarón. Com certeza o melhor Harry Potter já feito (não que eu ame a série, mas, sabe como é, eu tenho filho pequeno...). Cuarón é o diretor de um dos filmes que eu mais gosto: E Sua Mãe Também, e nesse Harry ele caprichou; nunca Hogwarts foi um lugar tão fantástico (no sentido de louco mesmo). Aliás, João viu o filme em inglês, de vez em quando me pedindo pra ¿ler as letrinhas¿.

Cães de Aluguel, de Quentin Tarantino. Gostei, mas não me impressionou muito. E é bem menos pop do que eu esperava.

Swimming Pool, de François Ozon. Esse foi o quarto filme de Ozon que eu vi (os outros foram Sitcom, 8 Mulheres e Sob a Areia); não foi o mais louco (Sitcom é o cúmulo da maluquice!), nem o mais legal (Sob a Areia é ótimo), mas eu gostei. Principalmente por causa do ambiente do filme (a estória se passa no Sul da França) e essa é a opinião de Guiom também. Quem quiser ver a nova deusa francesa (Ludivine Sagnier) nua em cena várias vezes pode assistir que não vai se decepcionar.

E ontem eu vi As Invasões Bárbaras, do canadense Denys Arcand. Muito bom, mas deve ser melhor pra quem viu o filme anterior dele: O Declínio do Império Americano. Infelizmente eu não vi.



João e suas perguntas:
- Mãe, porque as formigas são tão assustadas?
- Mãe, as formigas sabem prender o fôlego?
- Mãe, as formigas têm medo do tiranossauro rex?

João, pouco acostumado com a vida em edifícios e sob a influência nociva de alguns amigos meus:
- Mãe, sabia que tem uma mulher pelada na janela daquele apartamento?
- Que absurdo! Quem te disse isso João?
- Foi Aiton, naquele dia que ele veio aqui...
Anninha tem razão... preciso rever o impacto das minhas amizades sobre meu pequeno filho...


Só pra registrar: Bruno, querido, você dança muito bem. Hehehe.

sexta-feira, 4 de junho de 2004

Eu, em minha rebeldia adolescente, sempre quis sair de casa, logo. Pronto, agora eu consegui: casei e tenho minha própria casa, minhas coisas, do meu jeito (com pitacos de João e Guiom, claro, que nada no mundo é perfeito). E então a casa da minha mãe voltou a ser um lugar maravilhoso de se visitar. Meu quarto continua lá, igualzinho: minha cama, meu travesseiro recheado de alecrim, minhas luminárias penduradas, meus quadros, meu espelho gigante. Meu cachorro continua lá, pois lá é um lugar mais legal pra ele. Dé (cozinheira da minha casa há 30 anos e minha segunda mãe) continua lá, fazendo a mesma comida, a comida que eu mais gosto no mundo. Os jardins e os terraços continuam lá. E lá continua minha mãe, meio sozinha naquele casarão, mas mais minha amiga depois que eu casei, como se agora ela me visse como uma pessoa igual a ela: dona-de-casa, mãe-de-família. Definitivamente eu amo mais do que nunca aquele lugar.


Irmão Urso é muito fofo, como todos os desenhos da Disney. O cômico é que eu chorei na cena em que Sitka, o irmão do protagonista Kenai, morre; mas tudo bem, isso faz parte de ser Gio.


Seabiscuit é um bom filme, empolga e emociona. Tem aquela coisa do herói americano, de sair do nada e vencer todos os obstáculos pra realizar seus sonhos. Mesmo assim eu gostei. Em grande parte por conta de Tobey Maguire, com quem eu simpatizo muito, Jeff Bridges e Chris Copper, todos ótimos no filme todo.


João sempre gostou de dinossauros, mas agora ele anda extrapolando na encheção de saco falando nesse assunto. Hoje eu tive que engolir essa:

- Mãe, os dinossauros comem pessoas?
- João, os dinossauros não existem mais, você sabe.
- Mas antes, quando eles existiam?
- Os dinossauros existiram antes de existirem as pessoas.
- Foi?
- Foi.
...
- Mas se a gente estivesse aqui e aparecesse um dinossauro querendo comer a gente?
- João, não vai aparecer nenhum dinossauro, nunca.
- Mas, se aparecer?
- Não vai, João, pode ficar sossegado.
- Mas, se, por acaso, aparecer?
- JOÃO, PÁRA COM ISSO, NÃO VAI APARECER DINOSSAURO NENHUM AQUI!!!!!!
- Oh mãe... eu disse SE, SE, SE. Tu num sabe imaginar não é?

quarta-feira, 2 de junho de 2004

[2.6.04 5:26 PM | GIOVANKA DE MACÊDO RAFAEL]
Faltam quinze minutos pra João voltar da escola e eu não consigo, depois de uma tarde inteira, monografar mais. Continuo acreditando na importância do meu projeto (senão ele não seria terminado mesmo!), mas às vezes canso. Deve acontecer com todo mundo, né? Eu sei que sim.

Morando a sós com João e Guiom, estou começando a compreender melhor o universo masculino. Uma dúvida-martelo, porém, não me abandona: por que eles são tão bagunceiros?

João está começando a escrever algumas palavrinhas, apesar de ainda estar no Jardim 2. Mas o meu nome ele escreve com quase todas as letras do lado contrário. Vai entender...

Estou me sentindo com um déficit cinematográfico. O último filme que vi foi Tróia, uma semana atrás, mas não contou muito (como filme, quero dizer). Só valeu pelo elenco masculino esteticamente caprichado.

Continuo lendo Dorian Gray, quer dizer, parei faz um tempão mas tenho fé que vou terminar. Estou lendo também Criando Meninos. Um tanto mais útil nesse momento da minha vida. Nesse momento e sempre.

Agora, mais do que sempre, me sinto uma mothern. Às colegas motherns que por acaso passarem por aqui, deixo um afetuoso beijo na bochecha.

segunda-feira, 31 de maio de 2004

Pois é, nem eu mesma acredito que estou postando de novo. Garanto que nenhum de vocês acredita, depois de tantas eras sem postar... Mas aqui estou eu de volta depois de espantar aranhas e teias daqui desse blog abandonado. Faz quase quatro meses que eu e Guiom casamos e nossa vida andou mudando um bocado desde então. Fomos pra França, voltamos, e agora mais do que nunca temos um monte de estorias pra contar. Mas como são muitas coisas a dizer, vou dizendo aos poucos. Juro e prometo postar com mais frequência a partir de agora. Esse post foi apenas um bjim na bochecha de todo mundo que continuou vindo aqui mesmo na minha longa ausência.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

É, pois é. Agora faz mais de um mês que postei. Não, eu não morri. Nem fui embora. Pelo menos não ainda. Mas, vamos às novidades e explicações.

No momento sou dona de um computador com vontade própria. Liga quando quer, conecta quando entende que isso é o melhor a fazer. Mas é claro que meu sumiço tem outras e melhores razões. Daqui a menos de um mês vou me tornar a senhora Guillaume Lillig (é, esse é o nome de Guiom). Dá pra imaginar quais são minhas prioridades no momento, né? Já tá quase tudo resolvido, mas sempre tem alguma coisa pra resolver de última hora, alguma coisa que você nunca imaginou que ia ter que resolver um dia na sua vida. Não estou nervosa como pensei que iria ficar. Pelo menos não ainda.

Essas férias de João nem estão sendo tão dramáticas quanto as outras. Como ele tornou-se "uma criança crescida" (palavras dele) e portanto independente, todo dia combina de brincar com um amigo. O próximo passo agora é dormir na casa de Bento. Três dias atrás a mãe de Bento informou-me que tudo já foi combinado entre os dois. Acho que o grande dia vai ser quarta-feira. Eu, como toda mãe que eu conheço, fico orgulhosa e triste (ai, meu bebê está crescendo...).

Fui visitar minha amiga Carolina (a do 001, casada com o digníssimo Manuel), comi bolo, botei a conversa em dia e matei saudades. Liguei pra Nézia (também 001, também casada) e pra Sabrina (de direito, igualmente casada). De repente me dei conta de que eu realmente vou mudar de time.

Como todo mundo deve saber, eu e Guiom temos um plano de dar a volta ao mundo. Com quase toda certeza começaremos no próximo fim-de-semana. O destino escolhido é Maceió. O pior é que Milena concordou com essa viagem-relâmpago (aliás uma modalidade típica da dupla Gio/Guiom). E é claro que vai também.

Por mais que eu tenha tentado não pensar nisso, há dois dias tive que encarar toda a incerteza do que vai ser da minha vida nesse ano. Eu e Guiom conversamos seriamente e vimos que as chances de a gente ir embora de João Pessoa ainda em 2004 são realmente grandes. Ainda estou um pouco atordoada pelo impacto da constatação.
Só pra registrar:

Mi e Ailton, vocês estiveram perfeitos nos papéis de testemunhas lá no cartório. Parabéns e obrigada.

Saudades de todo mundo da 001: Isabella, Milena Melo, Marly, Carolina, Luís, Dina, Paloma, Nézia, Gretha, Hélber, Elaine, Lucimeire, Patrícia, Angélica... todo mundo mesmo, perdoem-me se deixei de citar alguém.

Saudades especiais de Bruno, meu amiguinho querido e colega de trabalho.

E muitos beijos nas bochechas de todos que não são da 001 mas moram no meu coração.