domingo, 10 de junho de 2007

mais uma vez, eu

sábado de cão. não ontem. sábado da semana passada. não que ontem tenha sido um dia particularmente bom, mas essa é outra estória. então. sábado, o outro, de cão. a chuva da galáxia todinha derramando-se sobre seu lar, um frio tão inacreditável que você confidenciou a seus botões que, se você não congelasse dessa vez, não congelaria jamais em sua vida, a expectativa de um domingo cheio e cansativo, a amiga-irmã-de-campinas viajando, a preguiça de viver fazendo a cama e deitando nela toda satisfeita. o que a pessoa faz num dia como esse?

nada. resigna-se, compra um pote bem grande de castanha de caju, faz um litro de chá verde, aluga um filme bem divertido e se joga no sofá.

e sorri quieta.
a paz, enfim.

até o momento em que você descobre que o filme não era nada divertido.

era um drama.

grande.

com o qual a sua pessoa identificou-se horroresmente.

e decide que seu nome não devia mais ser gio. nem julie vignon, nem midori kobayashi, nem clarissa dalloway.

seu nome devia ser mirabelle buttersfield.

somente porque mirabelle buttersfield sou eu, meus amigos.

por que será, hein mirabelle, que tu achou que saindo da tua terra, tu ia ser feliz na cidade grande? e por que, não conseguindo, tu achou que tu era feliz antes, lá na tua terra? sendo que tu nem era né? e tu sabe disso? e por que tu achou também que havia remédio pra solidão dessa vida? sendo que nem há? em época alguma, em lugar algum?

medo, hein, disso tudo.

chamem os bombeiros mais uma vez.