sábado, 23 de janeiro de 2010

eu não sou assim. tá eu sou. às vezes, só.

eu sempre me abalo quando uma coisa horrível, uma guerra ou um desastre natural, acontece em algum lugar.

mas hoje eu inventei de assistir o programa do Hope For Haiti Now com João.

e ele ficou chocado e pasmo e assustado como poucas vezes antes.

principalmente quando viu a enorme quantidade de crianças órfãs, desabrigadas, feridas.

e ver o coração dele partido partiu o meu com uma força que eu não esperava.



acho que é isso, ser mãe.
sofrer mais, não é, bem mais, com o sofrimento dele do que com o meu.

porque será que as pessoas ainda têm filhos nesse mundo? me digam?



bom. enfim. então.
cá estou eu, pedindo ajuda, desesperada.

eu não faço isso.
mas dessa vez eu me senti na obrigação.
e eu sei que vocês vão me entender.


entrem aqui, leiam, reflitam, ajudem se puderem.

tem mais ali e acolá também.

sábado, 9 de janeiro de 2010

eu morro de medo dessas coisas

Por que, apesar das más notícias que acabara de receber, havia um leve sorriso no rosto de Ka enquanto andava na neve, indo da avenida Faikbei para a Confeitaria Vida Nova? Alguém estava tocando "Roberta", de Pepino di Capri, uma canção pop melodramática da década de 60, e aquilo o fez sentir-se como o melancólico herói de um romance de Turgueniev saindo para se encontrar com uma mulher com quem sonhara durante anos. Para falar a verdade, Ka amava Turgueniev e seus romances elegantes, e, como o escritor russo, estava cansado dos intermináveis problemas do seu país e chegou a desprezar seu atraso, só para acabar se surpreendendo a olhar para trás com amor e saudade depois de mudar-se para a Europa.

em Neve, de Orhan Pamuk.

porque eu também amo Turgueniev.
e porque eu li esse trecho e senti aquele velho arrepio de reconhecimento e identificação.

porque eu, e Ka, e Turgueniev, nesse ponto - ir embora, olhar pra trás, amor, saudade - somos a mesmíssima pessoa.