quarta-feira, 17 de outubro de 2007

tanto tempo, tanta água debaixo da ponte

e minha vida não é, que transformou-se de súbito numa grande duma bagunça, e tudo nesse meu mundo, que mudou, tão de repente, embora eu já soubesse que tudo mudaria dessa forma, uma hora ou outra, faltava só a decisão, que era só minha, e que eu tomei, porque já não dava mais pra procrastinar uma vez que o assunto era a minha própria existência.
aí eu voltei pra minha terra e achei que tudo seria uma grande e profunda e eterna felicidade _ apesar de ter deixado minha vida toda pra trás, jogado tudo pra cima, e blá _ e que tudo se resolveria com facilidade e velocidade extremas, e que ficaria tudo certo, tudo lindo, tudo bom.
e nem foi assim. e eu ando sentindo dores muitas ainda, e me emputecendo com elas, mesmo sabendo que é cedo, é recente, e eu preciso esperar, não me cobrar, ter paciência e tanta fé. mas olhem, eu não tenho, eu não consigo. não ainda.
aí tem dias que eu penso que puxa vida, acontecem coisas boas o tempo todo e eu não deveria ver o céu assim tão cinza toda vez. só que tem dias que não dá, eu até me esforço bastante, mas não rola, o céu fica negro, carregado, cheios de raios caindo na minha cabeça. e eu tento não morrer de desespero, no fundo eu sei que eu não posso, eu nunca pude, a verdade é essa, mas o desespero vem e me assalta, me sequestra, me dá um tiro na têmpora esquerda. e eu me deixo morrer, a verdade é essa. eu tenho morrido de dor e desespero muitas vezes esses dias.
hoje não foi assim. foi um dos dias em que acontecem coisas boas. e eu me peguei dando gargalhadas, mesmo sem ter um motivo decente. porque há a vida, não é. ainda há. que é pra ser vivida, às vezes é assim que é, não tem muita escolha. e há os ipês-roxos na mata que cobre a barreira atrás da minha casa, e há tapiocas com queijo de coalho dentro, e há o barulho do mar quando eu me deito à noite pra dormir.
e há joão. e por pior que tudo seja quase sempre, além dele não precisaria haver mais nada.