terça-feira, 16 de dezembro de 2003

Ontem revi O Homem que Copiava com Guiom, e, claro, morremos de rir com o Pedro Cardoso. Os extras do dvd não são muito bons não e o making-off é altamente decepcionante.

Antes de ontem vi As Luzes de um Verão de Tran Anh Hung. O filme é vietnamita e a estória se passa na Hanói dos dias de hoje. Apesar disso o filme é super tradicional; os cenários, os diálogos e os costumes revelados poderiam integrar um filme ambientado no início do século XX. As paisagens e a música do Vietnã são lindas e eu fiquei encantada. Recomendo, recomendo. Mas, vale a mesma regra de sempre: só assista se você curte cinema asiático, pois o filme é lento, não tem muito da lógica ocidental e termina no meio de uma cena.

Ontem eu e guiom fomos dar uma olhadinha nas alianças (as de casamento, de ouro) no shopping que fica bem aqui dentro de casa. Ficamos a tarde inteira pra fazer praticamente só isso. Por alguns momentos tive a impressão de que todas as pessoas do universo estavam fazendo compras no Manaíra Shopping. Entre outras coisas, é por isso que não gosto muito do Natal...

Antes de ontem fomos na nova casa de Paintball da cidade (aquele jogo de guerra em que as pessoas se dividem em equipes e usam coletes e capacetes e tentam derrotar o inimigo usando armas cuja munição são balas de plástico com uma tinta colorida dentro, num galpão que imita um campo de batalha, cheio de montes de sacos de areia). Pois é, fomos lá com os franceses, os daqui e os de Campina Grande, e mais Adelaide e Janice, que são namoradas de franceses que nem eu. Eu e Janice ficamos só olhando; os outros formaram duas equipes, ao todo eram sete, e Guiom ficou na equipe das meninas, Adelaide e Julie, uma das francesas. Eu e Janice torcemos por eles, é claro, mas as duas meninas morriam super rápido, apesar dos esforços de Guiom e de Nicolas, o outro membro. Foi engraçado, e nós rimos em muitos momentos, mas depois fiquei pensando no potencial de incentivo à violência que tem esse jogo. E pensei: que bom que eu não trouxe João, que já é violento demais pro meu gosto, graças ao apoio de Power Rangers, Dragon Ball Z, Jack Chan, Samurai Jack e muitos outros.


João e a pressão social ¿ parte 1

- Mãe, eu não gosto muito daquela escola não...
- Por que, filho?
- Porque toda vez que eu vou pra natação com a sunga do Flamengo, aqueles meninos grandes ficam rindo, dizendo: hahaha, o Flamengo é o time mais peba do mundo!

(Hoje depois de uma pesquisa encontrei um livro chamado Eliminando Provocações. Acho que vou comprar pra me ajudar a ajudar João.)

sábado, 13 de dezembro de 2003


Eu sempre adorei dançar. Passei a infância inteira fazendo balé e ginástica rítmica. Cresci e a tara nunca passou. Quem me conhece sabe que eu não posso ouvir um sino tocando que vou logo me balançando. Esse ano eu e Milena criamos coragem e começamos a fazer dança do ventre. Mas as aulas foram pro brejo porque eram no sábado e nós duas, claro, não conseguíamos deixar de cair na farra na sexta e ir pra cama só às cinco da manhã. É uma pena mesmo porque me faz falta. Andei pensando nisso esses dias e por coincidência dou de cara com uma matéria na National Geographic sobre a dança que é a alma de Buenos Aires. Sempre achei que o tango era uma das danças mais legais o mundo. Aliás, acho que o tango é uma das coisas mais legais da Argentina no geral, uma das poucas, na verdade; quer dizer, depois da Mafalda e do Jorge Luis Borges, dois dos meus maiores amores na vida. Fiquei impressionada com a matéria, com o texto intimista e com as fotos, sensuais e trágicas. E com uma vontade enorme de aprender a dançar tango.

Mi e Ailton: não deixem de ver nessa edição da revista as fotos tiradas com a nova super câmera do telescópio Hubble. Só lembrei de vocês (e empresto pra quem quiser).



Festas, festas, festas...
Ontem fui a duas festas de Natal, uma dos arquitetos, outra dos franceses. O engraçado foi que eu e Guiom saímos de uma festa pra outra e depois pra outra de novo e acabamos chegando no fim das duas. Mas foi legal rever todo mundo, reencontrar um amigo nosso que voltou da França (um dos arquitetos) e conhecer três alemães muito engraçados. Tou até maquinando uma pelada brasileiros/franceses/alemães... Difícil vai ser dividir os times.




João, inspirado:

- Mãe, um dia eu queria ir no ¿Espaço-porto¿.
- João, esse negócio não existe de verdade, só no desenho...
- Existe sim, mãe... existe na minha imaginação.
- Ta bom então; tu pode ir nele dentro da tua imaginação, pronto, resolvido.
- Mas mãe... como é que eu posso entrar dentro da minha própria imaginação se ela já ta dentro de mim mesmo?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2003

Ontem recebi um telefonema de um amigo dos tempos de colégio (só esclarecendo: conheci essa galera há 10 anos e não estudamos juntos desde 1997). Minha turma organizou um churrasco e apesar de ter sido convidada em cima da hora resolvi ir. Foi engraçado, e nostálgico, claro. Ouvimos as mesmas músicas que ouvíamos quando éramos adolescentes e rimos de nossas lembranças. Lá pras tantas me dei conta que ninguém mudou quase nada apesar dos anos passados. Quase todo mundo se formou e quase casou, e todos continuam os mesmos. Menos eu. Não sei porque, mas acho que sou uma pessoa totalmente diferente de quando tinha 16 anos. E, sinceramente, sou uma pessoa melhor. Não trocaria meus 23 anos por nada, nem por 16, nem 18, nem 20. E apesar de ainda adorar meus amigos da escola, vi que não tenho mais muita coisa em comum com eles...

Esqueci de dizer, levei João pro churrasco. Foi engraçado porque todo mundo viu ele bebê, ou não viu, e assim, ninguém conhecia ele, nem me conhecia mãe. Fiquei pensando nisso depois. Concluí que eu não sei como era ser eu sem ser mãe do meu pequeno. É como se João fizesse parte da minha personalidade, do meu jeito de ver o mundo e pensar a vida. Como se mesmo fora de mim ele ainda fosse um pouco eu. Bom, não sei se me faço entender. Não sei explicar. Só sei que sem João, as coisas todas não têm nem a metade do sentido e da graça. E quem conhece João sabe quanta graça ele consegue ter quando quer.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2003

ATENÇÃO: POST GIGANTE (MAS É SOBRE JOÃO, VIU?)

Se você é mãe ou pai, você sabe bem como é. Se você não é, você deve lembrar de como era quando você era criança. Afinal, a vida é assim. Você nasce, um bebezinho gorducho que chora o tempo todo; você cresce um pouquinho e começa a pesar sobre você a coerção social. Você entra na escola. Primeiro, o maternal; é legal você canta e modela cobras com massinha. Depois vem o Jardim 1, aí o bicho pega. Não é mais só brincadeira, agora as aulas têm conteúdo.

Até que um lindo dia ela chega. Pesadelo de 11 entre 10 pais, ela vem; sorrateira, dissimulada, indefectível, inevitável. No começo, uma coisinha à toa... Você mal sabe que é só o início de uma tortura lenta, gradual e pentelha, que te perseguirá por longos anos.

No caso de João, não foi um início muito tranqüilo não. Esqueci de mencionar: João estuda numa escola supercabeça que eu amo, mas que às vezes força. (às vezes eu acho que grande parte da culpa por João ser assim tão figura é daquela escola; a outra parte deve ser minha culpa, claro; imagina, uma criança ter uma mãe assim como eu... não me perguntem como é ser uma mãe como eu, não sei conceituar, só acho que não sou uma mãe muito convencional não...).Enfim, retomando: a primeira tarefa de casa de João foi narrar a estória contida numa tirinha, era a de um burrinho que caía cansado de tanto carregar pedras (olha o conteúdo sócio-ideológico do negócio); depois disso a criança deveria construir uma balança com a mãe (ou o pai) para verificar o peso das coisas. Deu um trabalhão fazer uma balança com um cabide e pratos descartáveis, mas tudo bem; achei a tarefa bacana e fiquei animada. O problema é que depois começou a piorar. O clímax foi uma tarefa em que a criança deveria colar fotos do seu aniversário e refletir com os pais sobre a importância de celebrar a vida e a importância de existir, de estar aqui nesse mundo.

Ontem cheguei na escola e a professora de João me mostrou uma foto tirada durante uma aula; eles estão desenvolvendo um projeto chamado Vida de Peixe (cada semana é um projeto assim: Vida de Formiga, vida de Pedra etc...); então, a foto era de todo mundo deitado no chão com uma rede sobre eles, era uma vivência... A tarefa de ontem até que não era horrível não, contar uma estória depois de observar a figura; o problema é que João sim é horrível: contou uma estória de duas páginas. Mesmo assim, toda vez que escuto a frase Mãe tem tarefa de casa hoje, sinto calafrios.