domingo, 20 de agosto de 2006

Eu tenho uma faxineira pra me dar uma mão nos momentos difíceis. É a quinta desde que cheguei em Campinas. As outras eram as quatro filhas dela. Mas não era disso que eu queria falar.

Eu queria falar sobre como as pessoas são incapazes (na maior parte do tempo) de aceitar o non-sense. Ou o unusual (excesso de vocábulos in english por aqui, rã?).

Enfim, dona Josefa, como muitas pessoas que eu conheço, não consegue aceitar os fatos. O fato, na verdade. Somente porque o fato foge ao padrão de normalidade que sabe-a-Deusa-o-por-quê aplicamos aos seres humanos adultos viventes nesse mundo.

Toda vez que dona Josefa vem aqui, ela insiste em levar Schuda do meu quarto pro quarto de João. Sabendo que o lugar de Schuda é deitada no meu travesseiro. Não, vocês não conhecem Schuda.

Então. Schuda é minha ovelha de pelúcia.

Pausa.

Muita calma nessa hora.

Sim. Eu tenho uma ovelha de pelúcia. Sim. O nome dela é Schuda. Mentira. O nome dela é Sudanesa Huda Yohana. Schuda é o apelido. Sim. Minha ovelha de pelúcia tem nome duplo, sobrenome e apelido. Sim. Eu durmo com ela. Sim. Eu passo a noite toda abraçada com ela. Sim. Eu, o marido e a ovelha dividimos a mesma cama. Não. Não pensem obscenidades. Que eu, Guiom e Schuda temos um profundo respeito pelos relacionamentos estabelecidos entre cada dois de nós.

Percebem?

Schuda é fundamental para mim. Amor não se justifica, por isso não vou ficar aqui explicando. Apenas quero esclarecer que eu sou casada, com filho, família grande, amigos numerosos, cachorro querido e coisas estimadas. Sei que sou amada e não me falta um carinho quando preciso. Mesmo assim preciso dormir abraçada com Schuda pra me sentir feliz e em paz.

Problema é: as pessoas não aceitam isso com naturalidade. E ficam querendo me convencer do quanto dormir abraçada com uma ovelha de pelúcia é uma coisa infantil. E ficam querendo me separar de Schuda.

Oras.

Muito bem.

Pode até ser infantil. Afinal eu agora tenho 26 anos. Pois olhem: eu tenho 26 anos, terminei a faculdade e estou no meio de uma especialização. Mas continuo sem saber o que quero ser quando crescer.

Problemas, hein?