segunda-feira, 29 de setembro de 2003

Esse foi um final de semana cheio de pequenas estréias. Eu e Milena fomos pela primeira vez à aula de dança do ventre (e adoramos! e nos saímos muito bem, viu?). João Arthur recebeu pela primeira vez um amiguinho da escola aqui em casa (Davi, um menininho adorável, parecido com João até; a mãe dele é ótima, super simpática, trabalha na UTI neonatal da maternidade frei Damião com minha prima Sandrinha; é uma das mães da escola que, apesar de ser casada, mais velha e com outro filho, não faz com que eu me sinta uma menina boba e imatura; eu fiquei emocionada com a visita, tive pena porque não tirei uma foto). Á noite rolou cineclube aqui em casa e eu assisti pela primeira vez por completo e depois de adulta um filme de Chaplin (sim, porque eu assisti vários pedaços dos filmes dele quando eu era criança; foi Luzes da Cidade, linda e antológica a cena que a florista cega por quem ele se apaixona descobre quem ele é). Depois do cine, jogatina, é claro, nosso novo vício coletivo. Eu e Ailton fomos a dupla campeã pela primeira vez no Imagem e Ação (Bruno, Luís, devo admitir, foi uma vitória apertada). Depois disso, dois amigos meus, de quem eu gosto muito, tiveram uma conversa importante que deveriam ter tido há muito tempo; fiquei feliz, independente de qual tenha sido o resultado da conversa, pois as coisas foram esclarecidas de uma vez. No domingo foi o dia de a família de Guiom ver fotos minhas pela primeira vez (tou falando da familhona, tios primos e avós, não da microfamília, pais e irmã). Eles moram em Metz, que é a cidade de Guiom mesmo, fica no nordeste da França, bom, quer dizer, a família da mãe dele mora em outra cidade Boulay (é assim, Guidi?), e ele passou o final de semana entre as duas, depois de ter vindo de Lyon e revisto os melhores amigos dele. Ele sempre brinca dizendo que essa região onde ele nasceu não é muito interessante, é como a Paraíba da França, e eu acho mesmo que foi por isso que ele se apaixonou por mim, foi uma mera questão de identificação, sabe?

quinta-feira, 25 de setembro de 2003

Após ler o post anterior você, caro leitor, pergunta-se: mas, o que afinal ele foi fazer lá em Cingapura? Quer mesmo saber? Então senta que lá vem a história...
Guiom tem um fascínio muito antigo pela Ásia. Eu poderia até me arriscar e dizer que ele é um asiático frustrado. Ele admira com particular fervor a cultura árabe, adora a língua, adora a música. O melhor amigo dele é libanês (oi, Walid!) e as mulheres mais lindas do mundo pra ele são as libanesas. As viagens pelo Líbano, Síria, Jordânia, Vietnã e Índia estão entre as coisas mais marcantes da vida dele. Mas o xodó dele é mesmo a Índia. Ele ficou 3 meses andando por lá e voltou uma outra pessoa. Até o filme preferido dele se chama ¿Noturno Indiano¿ (é uma adaptação francesa do livro homônimo de Antonio Tabucchi).
Por tudo isso ele botou na cabeça que tinha que viver um tempo na Ásia. Só conseguiu em Cingapura, que não tem absolutamente nada a ver com o que ele ama na Ásia. Decidiu ir mesmo assim, afinal seria ótimo ter no currículo um estágio em um dos Tigres Asiáticos, principalmente se você é um engenheiro de produção disputando uma vaga no mercado brasileiro. Foi. E odiou. Nem preciso dizer que eu odiei também, né? Mas essa é uma outra história. Depois eu conto.

PS: e o que ele veio fazer aqui no Brasil? Na verdade ele veio porque não conseguiu ir pra Índia, aí, o Brasil pareceu uma boa idéia. É isso. E tudo o que tem que ser, será.

terça-feira, 23 de setembro de 2003

Hoje é um dia de festa pra mim e pra Guiom. Um dia de alívio na verdade. Hoje às onze horas da noite do dia 23 (sim, porque, vocês sabem, lá do outro lado desse mundo pequeno a meia noite já passou faz um tempão) meu próprio noivo finalmente foi embora de Cingapura. Quando falei com ele hoje de manhã (pra ele, que pra mim era ontem à noite) ele estava tão feliz que não conseguia parar de gargalhar. Depois de um ano e 2 meses meu guiom vai ficar quase um mês em casa de novo, quer dizer, em Paris que é a casa dos pais dele, enfim, vocês entenderam. Dia 17 de outubro ele chega em João Pessoa de novo, mas essa é uma outra história. O fato importante é que a esquizofrenia de namorar alguém que está meio globo terrestre distante de você acabou. Pelo menos agora só um oceano nos separa... Mas isso é besteira, o Atlântico? Um laguinho de nada.

quarta-feira, 17 de setembro de 2003

Pôxa... mó tempão sem dar as caras... oi amigo blog, como vai você?

Ontem fiz uma coisa que adoro, mas que eu não fazia desde que Guiom viajou. Fui ver o anoitecer na praia. Alguém aí já fez isso, assim, com esse intuito? Se não fez, faça! É super mágico. Quase tão mágico quanto ver o dia amanhecer, a cidade acordando. Pois é, eu adoro ver as luzes se acendendo, dos prédios, dos carros, dos postes; o horizonte vai ganhando aqueles tons fantasmagóricos, o mar ficando escuro, as sombras cada vez mais longas. Ontem fez tanto frio que tive que usar um casaco, logo em João Pessoa, quem diria. E João lá, de sunga, brincando com as ondas e rolando no chão, totalmente indiferente à ventania e aos olhares das pessoas que passavam na calçadinha e com certeza pensavam quem seriam aqueles dois malucos ali na areia. Saímos de lá às sete da noite, roxos de frio, os dois. Mas eu fiquei feliz, infinitamente feliz, que é como sempre fico depois de passados esses momentos, meus momentos de beleza pura.

sábado, 13 de setembro de 2003

Falei de arquitetura e lembrei dos meus amigos queridos que agora devem estar se preparando pra defender seus projetos finais de graduação. São todos projetos muito legais, depois falo deles. Não, vou falar agora mesmo, de alguns. O de Lumy é uma super ponte ligando a avenida Beira Rio na altura do hospital da Unimed à BR, perto do girador da universidade, e ao Castelo Branco; a idéia é desafogar o trânsito na Pedro II, muito bom. O de Vladimir é um museu, ali, atrás da delegacia da Epitácio, onde ficam os circos e parques; de arte moderna, acho, não sei mesmo, depois pergunto a ele. O de Pepeu é um complexo esportivo entre o Almeidão e o Ronaldão. O de Dimitri é uma marina no lugar onde é o mercado de peixe em Tambaú, perto do Bahamas. Tem muitos outros, mas, chega. Enfim, tudo isso pra dizer que dedico esse post a cada um deles, que desejo boa sorte a todos nas defesas, e que sinto saudades, pois por causa dos projetos, temos nos visto pouco. Sei que eles não devem sequer estar dormindo a essas alturas do período, desejo boas noites de sono também, quando o dia da defesa passar. Acho que agora eles concordam mais do que nunca com aquela máxima de arquitetura que diz que "a noite é uma maquete".
Pois é, com essa coisa de fazer jornal cultural pra disciplina de assessoria de comunicação estou mergulhando mais fundo que nunca no universo infantil. É, eu fiquei com a editoria "infantil", razões óbvias. O chato desse período tá sendo ficar sem ver todos os amigos todos os dias, afinal cada um está mais do que ocupado com seu próprio jornal mural. Por falar nele, Henrique Magalhães, o Maravilhoso libertou-nos da tirania do mural do Ciente. Ai, tô tão feliz! Luís e Bruno, sei que vocês compartilham a minha felicidade. Faremos um fanzine pra substituir o odioso jornal mural. "Sobre o tema que vocês quiserem" falou O Maravilhoso. Ai, ai, tô tão feliz, de novo! Sim! Felicidade também foi a aula de Realidade Regional hoje. Pra quem pulou da cama e chegou na universidade se arrastando, encontrar na sala de aula Torquato Joel no lugar de Dinarte, O Energúmeno, foi assim, um sonho pra mim (sem querer ser brega, já sendo). À noite, aula de antropô, sobre Malinowski mais uma vez, muito bom. Quando eu tinha 16 anos eu juro que eu pensei em ser antropóloga.Mas eu pensei em ser um monte de coisas na vida. Quando eu tinha a idade de João eu queria ser sereia, pode? Na verdade eu tinha dúvidas se eu preferia ser sereia ou bailarina. Sim, porque nessa época eu já fazia balé clássico. Dá pra entender porque eu tenho esse corpo de menina de 10 anos? Então, mas aí eu desisti, lá pelos 13, li uma matéria sobre cetáceos (sim, porque com 13 anos eu já lia a Veja viu?) e botei na cabeça que seria oceanógrafa. Minha mãe quase teve um avc. Depois disso mudei muito de idéia, normal. Acabei fazendo arquitetura, depois direito e comunicação. É, eu acho que nunca fui muito convicta do que eu quero ser quando eu crescer.

quinta-feira, 11 de setembro de 2003

Estou há dois dias ouvindo só The Smiths e Arnaldo Antunes, ou seja, estou em êxtase (musical) puríssimo, como diria tio Eça de Queiroz. De Arnaldo falo depois, agora quero falar de Smiths.

EU AMO, AMO MESMO "This charming man"; "Some girls are bigger than others" e "Please, please, please let me get what I want". Quem ainda não ouviu, ouça, por favor, por favor, por favor. Fico dançando até enquanto tomo banho (não que eu ache dançante mesmo, é que não me controlo). Já ouvi tanto que João tá começando a aprender as letras. Adoro esse som. Adoro ainda mais porque me faz lembrar meu Guiom, que a essa hora deve estar dormindo lá do outro lado do mundo, depois de ter estudado mergulho (na teoria, pois as aulas práticas acabaram; é assim, ao contrário mesmo, primeiro as práticas; é que cingapura é um lugar muito estranho. No fim de semana ele vai ficar dois dias no mar da malásia, numa ilha do leste, esqueci o nome agora.)
A primeira vez que ouvimos The Smiths juntos foi um dia depois de ele me dizer uma coisa que me fez duvidar de que um dia nossa história pudesse dar certo. Depois disso eu ouvia o cd compulsivamente, tentando assimilar. Mas isso foi há muuuuuuuiiiiiito tempo. Agora falta pouco tempo pra gente casar. Mas toda vez que lembro disso sinto um arrepio estranho.
Ontem, cansaço, preguiça, sono, fome, trabalhos, matérias, projetos...
Como bem disse meu amigo Ailton, é preciso escrever de novo, senão a caixa de comentários do post anterior vai ficar infinita!

quarta-feira, 10 de setembro de 2003

A frase abaixo é de Maristela Midlej Silva de Araújo, ela é multiplicadora do Núcleo de Tecnologia Educacional em Itabuna/BA
"o jornal impresso e o telejornal são fontes de informação, através deles podemos atravessar as paredes da escola e ter acesso ao mundo, a diferentes culturas e à atualidade (...)"

Eu sou uma pessoa que acredita na capacidade revolucionária dos meios de comunicação. Digam o que disserem os céticos profissionais de plantão. Eu acho sinceramente que num país ignorante, pobre e atrasado como o nosso (pois apesar de todas as coisas legais que fazem o Brasil, é isso que ele ainda é), os meios de comunicação têm uma importante função social a desempenhar. Especialmente os mais tradicionais, que demandam menor aparato tecnológico, como o jornal impresso e o rádio, pois pra mim a vez deles ainda não passou. Apesar de todo o jogo político que envolve os media, creio que eles podem realmente ser usados como instrumento de educação e conscientização, de maneira que possam desenvolver em cada um as noções de cidadania e olhar crítico. Acredito ainda e cada vez mais que a escola é o lugar ideal para que os media possam ser trabalhados dessa maneira, com esse propósito. A escola pública em especial, primária e secundária. Talvez assim a gente consiga formar mais gente decente nesse país miserável.

terça-feira, 9 de setembro de 2003

João, de novo

(nós dois no terraço, olhando o jardim)
-Mãe, essa casa tem plantas tão lindas, né?

Meu pequeno filho, tornando-se uma pessoa sensível...
(e levemente inclinada ao paisagismo, para a alegria de todos os meus amigos arquitetos, especialmente tia Lumy, madrinha dele, e tio Vitto, que deu "O Pequeno Arquiteto" de presente a ele, assim que ele nasceu. Influência pouca é bobagem!)
Aula de antropologia cultural à noite, no departamento de música da universidade, tem coisa melhor? Pois é, adoro essa aula. Hoje discutimos o texto inicial de Malinowski, "Argonautas do Pacífico Ocidental". É sobre a pesquisa de campo dele que revolucionou o modo de fazer antropologia, muito bom. Foi durante a primeira guerra mundial; ele ficou 4 anos vivendo o tempo todo entre os nativos, pois acreditava que só assim compreenderia o modo de pensar daquele povo; o lugar era o arquipélago de Trobriand, perto da Nova Guiné, perto também de onde está nesse momento meu Guiom.

Aliás, acabei de falar com ele. São quase 11:30 da manhã em Cingapura e se eu conheço Guiom, acho que ele deve estar louco que chegue a hora do almoço. O estágio dele lá termina daqui a 15 dias e isso deixa nós dois muito felizes. Esses 4 meses, que pareciam infinitos, finalmente vão acabar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2003

Hoje quando cheguei da universidade fui fazer a LGSS - Limpeza Geral Superfisionada Semanal - em João. O dia oficial é sábado, mas como eu estava ocupada fazendo os trabalhos de Comunicação e Realidade Regional, acabou ficando pra hoje mesmo.
Porque João é "uma criança crescida", segundo as palavras dele próprio. Por isso a frase preferida dele é eu tomo banho sozinho. Só que uma vez por semana é preciso verificar a qualidade do serviço senão corro o risco de adquirir um filhote de porco no lugar do meu filhote humano.
Então estava eu cortando as unhas dele, depois de esfregar a cabaça e limpar os ouvidos. De repente João solta um grito de dor:
- Aaaaaiiii!!!! Tu machucou a minha unha!
Machuquei nada. Drama infantil. Aí percebi que era a mesma unha que dói em mim quando corto as minhas unhas.
Pois é, não sabia que essas idiossincrasias eram hereditárias.
E não é que eu sonhei de novo tentando fazer baliza? Coisa mais obcessiva... Era uma colina, não muito alta mas um tanto íngreme. Eu nem tentava, olhava pra cima, os espaços aperetados entre os carros e pensava "não vou conseguir". E o pior é que eu faço baliza mais ou menos bem...
Bom, como o post-apresentação-editorial do mundinho sumiu por problemas técnicos, vou reprisá-lo aqui, agora mesmo:

E eis que enfim eu decido criar um blog. Sim, porque quem me conhece sabe que eu sou a pessoa mais alheia à tecnologia que existe no universo. Mas a tara de escrever e a necessidade de publicar subiu-me à cabeça e eu sucumbi ao fetiche. Pelo menos agora tenho mais um assunto.
Bem, sobre o blog, o que dizer? Não muita coisa, aguardem e leiam. sobre mim? eu sou Gio, moro em João Pessoa e tenho 23 anos. Daqui a alguns meses vou ser uma jornalista formada e uma moça casada. Por enquanto sou só universitária, noiva de Guiom e mãe de João, que tem 4 anos, um monte de cachinhos e idéias loucas na cabeça. Bienvenue!
Pois é, duas da manhã e eu ainda acordada. Chutei o balde, vou chegar 1 hora atrasada na aula de amanhã. Estava fazendo trabalhos, os mesmos, desde a semana passada. Pra piorar, dormi no início da noite por mais de meia hora. Sim, porque eu acho que sou a única pessoa no mundo que tem sono antes do jantar, ao invés de depois do almoço. Ainda por cima tive um sonho esquisito, aliás, coisa muito comum. Eu sempre lembro dos meus sonhos, às vezes fico o dia todo atormentada por eles. O de hoje foi tentando estacionar um carro que era do tamanho de uma bicicleta; eu não conseguia nunca porque eu estava dentro de uma feira com um monte de gente e de coisas ao meu redor. Acordei de mau humor. Nem em sonho eu consigo fazer baliza?
Reflexão tardia, tudo bem.
Ontem foi dia 7 de setembro. E daí? Eu me pergunto qual é a razão de se ter um dia nacional pra comemorar alguma coisa. Às vezes acho que o Brasil sente inveja da França com seu 14 de julho, ou de qualquer outro país com um passado heróico de que se orgulhar. Dia da independência pra que, meu deus? A ruptura com Portugal foi uma grande palhaçada, todo mundo sabe, continuamos dependentes até hoje de uns e de outros, todo mundo tá careca. Comemorar a independência pra que?