quarta-feira, 30 de março de 2005

Mais uma vez decepciono quem apostou que eu iria abandonar o mundinho de uma vez por todas. A questão é que a vida em Campinas pegou o embalo e desceu rolando ladeira abaixo que nem uma pedrona enorme. Não, não estamos totalmente adaptados (no momento considero isso algo impossível de acontecer), mas caminhamos bem.

Descobrimos as vantagens de morar aqui: a quantidade e a qualidade de produtos e serviços e a facilidade de encontrá-los , a infra-estrutura bacana, a beleza da região, a proximidade de São Paulo e do Rio. Aproveitamos o quanto podemos; passamos o carnaval no Leblon e um sábado inteiro batendo perna na Avenida Paulista e no Parque do Ibirapuera. Assim, tudo isso é muito bom e tal, mas a saudade de João Pessoa e de todas as pessoas e coisas queridas é teimosa e cruel. Mais cruel ainda é uma possibilidade que posso vislumbrar no horizonte não tão distante: morar em Paris. Tudo bem, eu sabia que esse dia iria chegar, mas parece que ele vai chegar em menos tempo do que eu esperava. Aguardem mais detalhes no próximo capítulo.

João ama a nova escola. Três vezes por semana fica o dia todo lá e eu morro de saudade mas fico um pouco mais livre. Tem aula de música, expressão corporal, culinária, costura e ginástica olímpica; escola bacana é apelido. Apesar disso há alguns pontos nevrálgicos. É uma escola cara, cara pra caramba. Isso faz com que ele só conviva com riquinhos mimados (salvo raras exceções), o que me preocupa muito. Já sofreu discriminação algumas vezes por ser nordestino e eu fiquei uma fera. Agora todo mundo na escola tem medo de mim, hehehe. Mas ele gosta de lá, fez amigos e está feliz, é o mais importa, é o que vale.

Tenho feito longas caminhadas em um parque perto da nossa casa. Depois de andar quatro quilômetros dentro da mata me sinto bem, renovada, e aí nem parece que estar nessa cidade nem é tão ruim assim. Tenho praticado yoga também e finalmente consigo encontrar um pouco de calma e equilíbrio no turbilhão que foi a minha vida nos últimos tempos.

Estou ouvindo Franz Ferdinand e curtindo horrores. É pop demais, eu sei, e eles são uns metidos, eu também sei, mas o som é bom e quem quiser que fale mal que eu não tou nem aí. Estou lendo "O Povo Brasileiro" do Darcy Ribeiro; dizem que ele está ultrapassado mas eu sempre tive vontade de ler esse livro. Bem, e filmes, tenho visto um monte... Guiom disse que os filmes que eu gosto são sorvete de morango mas eu não me incomodo com esse tipo de insulto bobo e por isso vou recomendar algumas coisinhas pra vocês: "Queimando ao Vento", suíço; "As Bodas", russo; "Uma Relação Pornográfica", francês; 'Bem-vindos", sueco; "Terra dos Sonhos", americano. Não lembro os nomes dos diretores mas acho que não tem problema. Ah, e se houver cineclube na casa de alguém não me contem pra eu não morrer intoxicada com a inveja.

As últimas perguntas de João são meio antigas mas valem ser lidas:
- Minha escola tem seis mil metros quadrados, né? E metros redondos, tem quantos?
- Mãe, antes de eu ser bebê, eu era um macaco? (Tentando entender a Teoria da Evolução das Espécies)

Por enquanto é isso queridos amigos... saibam que estou roxa de saudades de todos vocês e sintam-se infinitamente beijados e abraçados com carinho!