terça-feira, 7 de outubro de 2003

Há alguns anos atrás (em 1998, acho) me apaixonei perdidamente por Adriana Calcanhoto. Foi na época do lançamento do cd Marítimo. O engraçado é que depois de Vambora (entre por essa porta agora e diga que me adora você tem meia hora pra mudar a minha vida...) fiquei com uma vontade louca de ler Dentro da noite veloz de Ferreira Gullar, pois Adriana cita o livro na música. Ano passado o livro me caiu nas mãos, por obra e graça do meu primo André, que outrora teve pretensões de ser meu mentor intelectual. Li o livro e me apaixonei também (sou muito apaixonável, sabe?). Eu não conhecia a poesia concreta, cuja afirmação no Brasil, aliás, deve-se ao próprio Gullar. Depois do livro passei a gostar muito dessa forma de escrever, descrevendo o gosto, o cheiro, a textura das coisas e dos sentimentos.
Cheiros são sempre muito marcantes pra mim. O cheiro de metal, (cheiro de chave), me traz lembranças muito doces. Transcrevo abaixo um dos poemas de Gullar, escrito em 1955, que eu acho sublime e que me faz evocar esse cheiro e essas lembranças.


O SOPRO

A turva mão na flor

Fico ouvindo meu corpo me dizer seu nome
-dos fornos do osso, a primavera vem
mas já saudosa regressa
aos seus metais de origem

4 comentários:

gio disse...

Gio, apoesia concreta só foi lançada oficialmente no Brasil em 1956. Mas Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos já estavam agrupados desde 1952 em nome do concretismo.

ailton

gio disse...

boooooommmm... foi o que eu li na minibiografia do gullar que tenho aqui em casa...

Gio

gio disse...

vcs conhecem minha opiniao sobre poesia :)

Bruno

gio disse...

E, além disso, eu tenho uma leve impressão que Gullar, embora muito bom poeta e melhor crítico ainda, não é lá essas coisas de concretista... Sei lá.

ailton