quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Prometi né ? Então, tou cumprindo.

Só que eu vou falar da viagem de volta pra Campinas. Que as demais viagens de começo de ano foram longas e a minha pessoa anda com preguiça em demasia nos últimos tempos.

Então foi assim: sexta à noite eu e João deixamos a Terrinha. Calculem aí o drama todo. Superadas as lágrimas, as náuseas, as turbulências e demais chateações, chegamos vivos em São Paulo no sábado de manhã. Aproveitando que a gente estava lá mesmo, fomos ver a exposição "Dinos na Oca" no Parque do Ibirapuera. Assim, é massa. Principalmente se você tem uma criança fissurada por dinossauros e bichos do tipo em casa. Os esqueletos e pegadas e rochas e a coisa toda. Mas é bem caro, eu achei. E podia ser mais caprichada; a iluminação, os cenários e tudo mais. Mas tudo bem, eu sou meio metida a exigente, então não me tomem como parâmetro.

Voltamos pra Campinas na hora do almoço e todos nós capotamos, obviamente, que ninguém agüenta tantas horas de sonhos bizarros.


Além da exposição, bem poucas coisas dignas de nota nesse fim-de-semana: domingo é aquele mundialmente conhecido Dia de Fnac, que, obviamente, estava lotada, pois há bem poucas coisas dignas de serem feitas por essas bandas. Enfim, prosseguindo: João ficou lá, todo feliz, entretido com a contadora de estórias, e eu lá, toda feliz também, entretida com Tchekov. Pausa para explicação necessária: eu entrei há uns dois meses numa espécie de russian trip. Então você, leitor amigo, me pergunta: mas que raios é isso, criatura? Então, é uma neurose nova que eu inventei; ando tentando ser uma leitora disciplinada (Luis Carlos, meu ideal é você, querido); aí com isso eu decidi ler os russos; não os russos assim simplesmente, os russos clássicos traduzidos pela primeira vez para o português, numa ordem cuja lógica que só quem entende sou eu mesma. Li Pais e Filhos (herança do meu pai) e Ássia (presente de Andrei) de Turgueniev e gostei de ambos. Trechinhos, que postar trechinhos é o que há:


- Penso, deitado aqui à sombra deste monte de feno... O lugar insignificante que ocupo é tão minúsculo em comparação com o resto do espaço, onde não estou e onde ninguém se importa comigo! A parcela do tempo que hei de viver é tão ridícula em face da eternidade, onde nunca estive nem estarei... Neste átomo, neste ponto matemático, o sangue circula, o cérebro trabalha e quer alguma coisa... Que estupidez! Que inutilidade!

(é Bazarov falando, o niilista que é o personagem principal de Pais e Filhos; alias, foi nesse livro que o niilismo foi definido pela primeira vez)

A felicidade não conhece o amanhã; nem mesmo o ontem; não se lembra do passado nem lembra do futuro; ela tem o presente - ainda assim, não um dia, mas um átimo.

(esse é um trecho de Ássia, é o narrador falando, o Sr. N.)

Então, Tchekov é meu próximo alvo. Ainda não tenho nenhum livro dele e me delicio com as possibilidades de escolha. Sugestões são bem-vindas, certo?

Então, de novo, problema é que o negocio descamba pra outros lados diferentes da literatura. Todos os lados imagináveis. A Rússia, em todos os aspectos, é uma coisa que me interessa bastante esses dias. É uma trip só, daqui a pouco passa. Mas por enquanto vocês vão ouvir falar um bocado desse assunto por aqui.


Eu tinha me dito que ia falar de um monte de coisas ao mesmo tempo agora, pra relembrar os velhos tempos desse blog. Mas vou fazer isso não. Tou numa fase quebra total de todos os paradigmas. Por isso esse post termina aqui. Mas eu estou certa de que eu volto logo.

13 comentários:

gio disse...

qd tu disse "todos nós capotamos", assim, sem aspas nem nada, tomei um susto aki.. bem, eu axo q no livro ta "hei de viver" ;) e eu num sei se sao os livros q sao ruins ou vc eh q tem um pessimo gosto pra escolher trechos chatos... ooooooow, brincadeira, vc sabe q eh brincadeira... ;*

Bruno

gio disse...

Eu to numa fase mais ou menos russian trip faz tempo, embora eu não tenha nem queira ter uma disciplina de leitura tão rígida. Sobre Tchekov, já li vários contos dele e são ótimos. Talvez o menos megalomaníaco e mais interessante dos russos mais conhecidos hehehe.

Andrei | Homepage

gio disse...

Brunix: afe, que exagero! e outra: corrigido ;) e mais outra: eu não quero que tu goste dos livros que eu leio, babe.. tentei com os filmes e não rolou, não tenho mais esse tipo de pretensão ;P
Andrei: essa trip é em parte culpa tua, mas isso tu sabe.. e tou até vendo o estardalhaço que deve ser Tolstoi..

Eu

gio disse...

Sinto-me tão ignorante com esses meus amigos cult.

Mythus | Homepage

gio disse...

Gostei, tu escreve muito bem, mas eh chato ler!!!
xauzinho!!!

Jéssyca | Homepage

gio disse...

alguém aih me faz um favor? de dar um beliscão em Mythus? e em Jéssyca? brigada hein?

Eu

gio disse...

adorei, jessica! "escreve bem mas eh chato de ler"! hahahahahahahahahahahahahahahahahaha

Bruno

gio disse...

resgatando dalton trevisan: Poucas delícias da vida: o azedinho da pitanga na língua do menino, a figurinha premiada de bala Zequinha, um e outro conto de Tchecov, o canto da corruíra bem cedo, o perfume da glicínia azul debaixo da janela, o êxtase do primeiro porrinho, um corpo nu de mocinha.

Bruno

gio disse...

2046 foi indicado ao oscar de fotografia. vi munique. gostei, ailton nao.

brUnO

gio disse...

Brunix: ei, complô com minha afilhada não vale! | que lindo esse resgate de Dalton! adorei! | e convenhamos que a fotografia de 2046 deve ser o que ha'! (sem falar de Tony Leung: altamente beijavel!) | Munique eu tou me coçando pra ver e botando fé (não tanta mas enfim) | mas Ailton não tem gosto, tem agonia, tu sabe disso.

Eu

gio disse...

me dar uns beliscões neh gaiata?

Jéssyca

gio disse...

gosto especialmente dos escritores alemães. escrevem com aquela delicadeza com que falam. :P / achei boníssima a fase "quebra de paradigmas". perfeita pra se começar um ano. chove aí? / beijoca.

li

gio disse...

Li: os alemães me agradam também, mas eu sou bem facil de agradar ;) e quebrar os paradigmas é muitas vezes condição essencial pra se continuar vivendo.. te disse no teu blog e repito aqui: chove sim, e muito!

Eu