quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Tem dias que bate uma nostalgia braba na vida da pessoa.

Don't you cry tonight
I still love you baby
Don't you cry tonight
There's a heaven above you baby
Don't you cry tonight

Como se ouvir essa musica não fosse suficiente, quando acaba a fita (sim, a fita) do Guns você coloca a fita (sim, a fita; outra) da Legião pra tocar.

Todos os dias
Quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo
Do mundo

É uma situação complexa.

Quando eu tinha treze anos, eu ficava deprê com essas duas musicas. A primeira porque me lembrava de um amor platônico que eu cultivava desde os oito (!) anos com uma perseverança cega que me impressiona até hoje. A segunda porque me fazia pensar no dia em que eu já não poderia mais ingenuamente pensar que eu tinha todo o tempo do mundo porque eu era tão jovem. E as duas juntas ao mesmo tempo agora porque eu tinha certeza (hahaha) de que quando eu fosse gente grande eu não sofreria mais por amor (hahaha).

Quando eu tinha treze anos, eu achava que chegaria um tempo em que os problemas teriam fim. Quando eu tinha treze anos eu era uma grandessíssima tonta.

Acho que ainda sou.

Quando eu tinha treze anos eu sofria desde os oito (!) por conta da total ignorância de Fred com relação à minha pessoa. Pior. Porque se ele efetivamente me ignorasse de todo, eu ainda teria a possibilidade de me apegar à chance de que um dia ele olharia pra mim. Mas não. Ele não efetivamente me ignorava de todo. Ele sabia quem eu era. E ele até gostava de mim e era atencioso e educado. Problema é que eu era a melhor amiga da irmã caçula dele. Problema dos grandes. Eu era filha de grandes amigos dos pais deles e nossas famílias eram da mesma cidade. Ele praticamente me viu nascer. Era esse o problema. Dos grandes. Eu era alguém na vida dele sim. Alguém de certa forma importante. Que merecia respeito e carinho. E só. E eu amava Fred com toda a força do meu coraçãozinho de criança e mais tarde de pré-adolescente. E isso durou dos oito (!) aos treze anos. Sem que eu conseguisse achar graça em outro menino qualquer do universo. E eu vi Fred se apaixonar e azarar e namorar outras meninas. Que pra mim eram as mais felizes e sortudas de todas. Todos eles ¿ Fred e suas namoradinhas ¿ lá em cima no alto de um pedestal onde eu nunca conseguiria chegar.

Um dia eu cresci e Fred teve que morrer pra mim. Teve né? Porque a fila anda. Sempre anda. Tem que andar. Depois a gente se reencontrou e eu namorei um amigo dele e a gente se perdeu de novo e se reencontrou e a mesma coisa um monte de vezes. Aí ele sumiu no mundo. Quer dizer. Eu sempre soube onde ele estava. Que eu sou muito amiga da irmã caçula dele até hoje. Mas ele sumiu da minha vida de vez. Por um longo tempo.

Aí, em julho passado, tou eu perambulando de bar em bar na feirinha de Tambaú em companhia de Brubru e Dridri e com quem eu dou de cara? Pois foi. E essas lembranças todas me vieram à cabeça na hora em que eu vi Fred surgindo no fim da rua. Eu não pude me impedir de abraçá-lo apertado. Depois de perceber o tamanho da afeição que eu sinto por ele até hoje. Trocamos umas frases e depois fomos cada um pra um lado. Mas eu continuei sorrindo pelo resto da noite. Porque eu entendi. O quanto Fred foi importante pra mim. Por mais tonta que eu tenha sido por tanto tempo.

Fred me fez acreditar por anos e anos que chegaria o dia em que eu não mais sofreria por causa de amores contrariados. Me fez acreditar que um dia eu encontraria alguém especial e me apaixonaria e decidiria dividir a vida com essa pessoa e casaria e faria planos.

Bem.

Assim foi. A diferença é que eu achei - eu sempre achei - que nesse dia eu deixaria de sofrer e de me perguntar se era isso e de querer morrer às vezes.

E era tudo mentira. Essas coisas todas nas quais eu acreditei. Que eu deixaria de sofrer e tudo mais. Porque ninguém deixa.

Pelo menos eu acho que não. E eu acho também que se a pessoa deixa de sofrer e de se perguntar se é isso e de querer morrer às vezes é porque a pessoa já morreu e nem notou.

Bonito falar né?

Mas quem foi que disse que é bacana sofrer?

29 comentários:

gio disse...

Ouw, minha afilhada querida, a poesia:

Luau

Milhares de grãos de areia. Milhares... /
Luau: dois casais e dois quase pares /
A vermos as vagas que a lua clareia /
E as vagas divagações na areia.//

A tépida correnteza dos mares,/
Espumas tão leves, níveos olhares.../
A clárida lua, cálida & cheia/
E os vinhos que vinham dentro das veias.//

Massagem, mensagem subliminar,/
Palavras e frases, e o sono entre/
Gaivotas de volta no azul do céu.//

Nós dois ao relento. Vento e mar.../
¿ Ciganas? ¿ Sereias? ¡ Dança do ventre!/
Delírios dos movimentos do véu.//

Eu posso mandar por carta tbm, gio. Tu vem quando pra cá de novo? Tem umas roupas tuas comigo, como não cabem em mim, resolvi devolvê-las. Posso mandar via correio?
Beijos.

tonton | Homepage

gio disse...

é... ficou uma merda a poesia nessa caixinha de comentário. Mando por e-mail. É... oitos anos é foda... "Ai, que saudades que eu tenho"... Seguinte: eu passei 15 minutos lendo essa única frase e tentando captar o real significado dela: "por conta da total ignorância de Fred com relação à minha pessoa". Aí, depois de desistir de entender, resolvi seguir a leitura. Foi quando vi que era FRED, e não FREUD. Ufa! Que alívio! Cheguei a pensar que tu foi apaixonada pelo pai da psicanálise. Seguinte dois: sofrer é bacana. Tem um amigo meu, por exemplo, que só consegue ser poeta quando sofre. Se ele tiver bem da vida, não faz nem conto de fadas! Certo dia ele me confidenciou que acabava os relacionamentos pra sentir a dor da perda e conseguir inspiração. Meio doido, né?

tonton

gio disse...

tua caixa de e-mail do hotmail deve tá cheia, pois o e-mail tá voltando. Eu alugo geral esses teus comentários, né? ¬¬

tonton

gio disse...

é. aluga sim. não uso aquela caixa. manda pro gmail. mas eu gostei da pessoa aqui também ;) a roupa pode mandar pelo correio ou então espera eu voltar. em março! e fred é uma pessoa de verdade sim. sofrer é preciso. sofrer demais é que é um saco. mas eu tou com teu amigo. sofrendo a gente escreve melhor.

Eu

gio disse...

Sofrer é um saco. Já basta o que passo com o Vasco nos momentos de baixa (malditos jogos da final da Copa do Brasil!).

Breno | Homepage

gio disse...

lembro como se fosse hj: na copa do Brasil de 1998, o Grêmio foi desclassificado pelo São Paulo pelo saldo de um gol. Um único golzinho... Eu nã consegui dormir por umas três noites com o sofrimento. Nem quando o tricolor foi pra 2ª divisão eu fiquei tão mal. Em contrapartida, naquela noite, eu fiz uma música (!).

tonton

gio disse...

Gio, eu te amo, chuchu!!!
:*

Zabella

gio disse...

bah, eu ja escrevi muito tanto estando feliz quanto melancolico. e hiatos criativos idem. o botafogo perdeu a final da copa do br em 99 pro juventude em pleno maracanã com 100 mil pessoas. mas eu so chorei mesmo quando fomos desclassificados pelo atletico-mg nas oitavas do brasileiro de 94. nunca vou esquecer aquele gol de eder aleixo. e eu tenho uma sutil impressao q gio nao vai apreciar essa discussao futebolistica aqui.

Bruno

gio disse...

zabé _ também de amo chuchu! bom ver breno por aqui :) porém bruno tem toda razão :P

Eu

gio disse...

Devo confessar que quando vi o texto, a primeira coisa que disse foi: "Breno! Que texto frande da pinóia!". Morri pela língua lendo hoje. Primeiro por ler cantarolando Guns, segundo pela fluidez do texto. Também acredito que o autor usa seus sentimentos como matéria-prima e que sofrer sux anyway, mas é bom poder olhar para trás e vez o quanto fomos bestas por sofrer com aquelas coisas. Dá até um conforto. Faz pensar: "aproveite esse tempo bom, porque o pior ainda virá!" ;)

Mythus | Homepage

gio disse...

afe, acho que esses rapazes não entendem muito bem. também tive amores longos e platônicos pela vida, começando da infância! não, sofrimento não acaba porque amor não acaba também, né? me identifico horrores com uma coisas que você escreve aqui, Gio.

Liuba

gio disse...

mulher eh tudo igual

Bruno | Homepage

gio disse...

liuba, eu entendo.

tonton

gio disse...

"Quem é que não chora por alguém?/ Quem é que não chora uma lágrima sentida?" É brega, mas é verdade.. Agora eu me arrependi de ter te dado aquele cd. Como eu esperava, vc gostou dele, o que é mais perigoso.. Percebeu as flautinhas? Tem umas ali q me pegam.. =~ E uma informação inútil: Nick Drake tinha a mesma altura q eu, 1,92..

Luís

gio disse...

sorry, ailton. não gosto de generalizar... mas vive la différence, né não?

Liuba

gio disse...

O primeiro amor da minha vida foi Jaspion. E ele me salvava das garras de SatanGós, nos meus sonhos...

Zabella

gio disse...

por falar em sonhar, conheço uma figura q teve um sonho erotico com jose serra! e luis sabe ateh a altura dos musicos..

Bruno

gio disse...

e' foda...

Manu | Homepage

gio disse...

sonho erótico com José Serra?

tonton

gio disse...

sou mais sheine mesmo.

tonton

gio disse...

sheine on your crazy diamond

Breuno

gio disse...

bruno ouvindo pink floyd?

tonton

gio disse...

ja tive 17 anos

Bruno

gio disse...

pink floyd é eterno

tonton

gio disse...

Pink Floyd é o pipôco do trovão, como se diz em campina

Luís

gio disse...

pipôco do trovão é bem campinense né não? tou até vendo Dina dizendo isso..

Eu

gio disse...

delicate sound of the thunder?

tonton waters

gio disse...

no mesmo dia te visitaram de orlando (florida) e pichincha (equador), e ambos tb me visitaram

Breuhno

gio disse...

eita! ouxe!

Eu