segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Segunda-feira em Campinas.
Céu azul. Brisa fresca.

Sabem de uma coisa?

Eu gosto de segundas-feiras.
Parece que a vida te deu outra chance de recomeçar.
E você sempre pode tentar fazer melhor dessa vez.

Eu sei. Eu sei.
Dá enjôo essa overdose de otimismo né?
Eu sei. Eu sei.

Mas é que..
Vejam bem..



A pessoa tinha um pai. Que nasceu no Cariri paraibano. Numa fazenda. A fazenda era chamada de "Feijão". Isso porque tinha um pé de feijão gigante na frente da casa. (óquei, o pai contava isso quando ela era bem pequena certo? abstraiam essa parte.). Pois. Esse pai criava um monte de bichinhos exóticos e tomava banho de rio todo dia (quando tinha água no rio, obviamente). Esse pai um dia foi embora com o coração doendo. Foi ganhar a vida na capital. Um dia ele conheceu a mãe dessa pessoa. Essa mãe cresceu num sítio. Ela tinha uma casa na árvore grande do pomar. Ela fazia bonecas de pano recheadas com flores de camomila. Ela começou a alfabetizar crianças na varanda de casa quando tinha 16 anos. Ela sonhava abrir uma escola. Um dia os dois casaram e foram morar na beira do mar. Num outro dia nasceu a filha. A própria pessoa que vos fala. Lá mesmo na casa na beira do mar. Os pais não eram mais jovens quando a filha nasceu. De modo que, quando a filha tinha três anos, o pai aposentou-se. Já viram né? Pois. O pai ia à praia todos os dias com a filha. Ele levava uma pá para a praia e cavava piscininhas entre as pedras. Ele ensinou a filha a nadar ali. À noite ela dormia ouvindo as lendas da infância do pai. Ou os relatos das viagens que fariam juntos pelo mundo.

Percebem?

Havia um lirismo invencível na vida dessa pessoa. Essa pessoa cresceu e aconteceram coisas. E esse lirismo se perdeu de alguma forma. Mas essa pessoa não consegue, simplesmente não consegue, explicar nem como nem por que isso se deu.

Aí é segunda-feira e essa pessoa olha pela janela de sua casa em Campinas e faz sol lá fora e sopra uma brisa fresca que vem lá de fora e entra dentro da casa e enche tudo de uma coisa qualquer onírica e diáfana (e eu adoro essas duas palavras) e o céu está azul, mas azul "de uma palidez parelha e rútila" como disse Érico Veríssimo uma certa vez.

Percebem?

É o lirismo de novo aqui. De volta de alguma forma. Materializado, ou não exatamente, em algo que a pessoa em questão não sabe especificar o que é.

Na verdade o lirismo nunca se foi de fato. Ele esteve camuflado, esperando a melhor oportunidade para reaparecer.

E de repente uma segunda-feira em Campinas parece significar muitas coisas. Depende de como se vê. Ainda bem.

Percebem?

Há esperança, meus amigos. Ainda há.

Não desistam. Nunca. Magia acontece todos os dias.

9 comentários:

gio disse...

Nesse caso so me resta te desejar uma bela Terca-feira, ja que a Segunda ja se foi. E olha que foi pesada...
Mas sempre ha uma Terca!
beijinhos

Manu | Homepage

gio disse...

Engraçado.. Teu pai nasceu no "Feijão", e o meu no "Melão".. Lugares em que aconteciam coisas que a modernidade de asfalto não permite.. =]

Luís

gio disse...

to gostando dessa periodicidade inedita por aki. algo deve estar lhe dando inspiracao. e o q dizer do post? bonito pacaralho, apesar do dispensavel final auto-ajuda ;)
ps. em "mais pode ser tudo o que vc quiser", o "mais" eh intencional?

Bruno

gio disse...

Manu: a terça vai indo bem querida! bjins pra você! Luis: rapais olhe.. tem uma coisa no mundo que eu queria ter visto mais que esse pé-de-feijão não.. Bruno: meu novo relacionamento com a periodicidade promete.. aguarde e confie.. e eu sou uma pessoa incapaz de fugir do tom auto-ajuda.. e sim, "mais" é intencional sim, viaje na viagem.. bjins !

Eu

gio disse...

pensando melhor Bruno, ficou estranho mesmo.. vou dar um jeitinho..

Eu

gio disse...

Adorei o lirismo...

Fefê

gio disse...

esqueci de falar uma coisa. tenho percebido q vc adora proparoxítonas. lépida e tal..

Bruno

gio disse...

Uma quarta-feira saltitante pra vc! :)

Zabella

gio disse...

Buno: descobrisse meu maior segredo! hehehe.. Bella: saudadona de tu! bjins!

Eu