segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Aí a pessoa foi ver e levar seu próprio filho pra ver a exposição sobre Grande Sertão: Veredas, do Guimarães Rosa, no mais que bacana Museu da Língua Portuguesa.

Aí era uma daquelas exposições modernosas e estilosas, cheia de instalações surpreendentes e originais. E havia fragmentos do texto espalhados por todo o primeiro andar do museu, nas formas mais variadas, e você escalava escadas pra ler frases pintadas nas paredes e no chão, e puxava cordas e pedaços de tecido com frases impressas deslizavam do teto, e era aquela coisa interativa toda e havia ainda a terra do sertão por todos os lados, os sons do sertão ecoando o tempo todo, e de repente a pessoa espiou por um buraquinho na parede feito pra espiar mesmo e viu uma foto aérea de Paris, e por cima da foto estava escrito:

O sertão é em toda parte.

E a pessoa estremeceu e chorou. E procurou um cantinho pra se esconder porque a emoção foi mesmo daquelas violentas.

Porque, percebam. Aquela frase, por cima daquela foto, estava ali pra mim. Estou certa disso. Não tenho a mais ínfima duvida de todas. E como? Me digam. Como não estremecer e chorar? Se era Paris, logo Paris, e eu percebi que o sertão estaria sempre, pra todo O Sempre, em todo e qualquer lugar, porque o sertão que eu conheço, que faz parte de mim sem que eu consiga dele me separar, o sertão onde o meu pai nasceu e onde eu vivi muitas das minhas melhores lembranças, esse sertão, o meu sertão pessoal, intimo e intransferível, está aqui guardado comigo, no lugar mais seguro que existe dentro de mim. E não importa pra onde eu vá nesse mundo pequeno, minúsculo, ridículo, o sertão irá toda vez comigo.

Porque ele é em toda parte.




Ps: como se não fosse suficiente, outra pessoa vem e dedica uma poesia bem feia à minha própria pessoa. decididamente, chamem os bombeiros.

22 comentários:

gio disse...

uma poesia bem feia? /// Bombeiros? ou Noé?

Mythus | Homepage

gio disse...

Gio, tenho que dizer que nesse momento meu sertão aqui derrama umas chuvas. puxa vida.

Liuba

gio disse...

o que dizer? o sertão em mim esturrica o coração mas nunca, nunca perde um pingo de: esperança, saudade e amor.

marília

gio disse...

rapaz, ultimamente eu ando me lembrando tanto de patos que chego a sonhar. saudade nao de nenhum parente ou amigo, mas do lugar mesmo. :| e esse museu deve ser o quiabo..

Bruno

gio disse...

uia! Agora eu tbm sou exilado do sertão... igual tu, afilhada querida!

tonton

gio disse...

adorei a visita, Gio! agora fico até mais à vontade de aparecer aqui, hehe.
um beijo grande, linda.

Liuba

gio disse...

o sertão vai virar mar, o mar vai virar sertao. mas a primeira coisa q esse post me lembrou foi "sinais". a exposicao era sobre grande sertao, entao tudo nao passou de uma simples coincidencia essa historia aih, ora bolas. :)

cético | Homepage

gio disse...

Não tem muito o que comentar de posts como esse sem cair numa rasgação de seda. Mas ei, os links do lado não funcionam direito no Opera :P

Andrei | Homepage

gio disse...

eu tbm já tinha visto que os links se transformam em um sertão no ópera. Quem quiser um oasis tem q entrar pelo fire fox.

tonton

gio disse...

eu comecei a usar o opera ha mais de dois anos e meio. eh sempre assim. eu começo as coisas e o povo vai atras. agora geral usa roupa laranja, cabelos revoltos e navega pelo opera.

visionario

gio disse...

aaaaaahahahahaha, Bruno, faça-me o favor, então os cabelos revoltos foi você quem começou??
ahahahahahahhahaha!!

Liuba

gio disse...

a frança vai proibir o fumo em locais públicos. Guiom ainda vai querer ir pra frança?

45iso

gio disse...

meu link aí do lado tá com dois http, assim o endereço dá erro. E o blog de andrei ainda tá indo pro antigo

45iso

gio disse...

"Intimo e intransferível" foi bonito, Gio.. E não sei pq eu lembrei daquela frase de Encontros e Desencontros: "o mundo é uma grande Tóquio"..

Luís

gio disse...

hj, na praia, logo cedo, vi a vó de joão, caminhando.

45iso

gio disse...

todo galãzinho da globo agora tem cabelo cacheado. malhacao, novela das 8, a nova das 6.. por isso q eu vou logo raspar. odeio estar na moda.

Bruno

gio disse...

Ai como eu ia amar ir nessa exposicao. Grande Sertao: Veredas e' o meu livro favorito em literatura brasileira. Nossa, lindo de solucar!
E oh meu Deus, ate eu chorava contigo... ate agora da vontade sim...
A poesia do dindo e' linda!
Ai que ja ta batendo uma melancolia, uma sodade...
Beijinhos

p.s. qdo minha loucura de mestrado acabar vou bolar uns tutoriais de trico pra voce!! promessa e' divida!

Manu | Homepage

gio disse...

Este museu emociona muito. Quando o visitei com Lau, acho que senti a mesma sensação de uma mãe tentando conter o filho de 6 anos, que não pára quieto. Mas a parte em que chorei, como já te disse, foi a da interação com as letras de música. Aquelas letras passeando por sua pele e formando pássaros no teto. Há coisas que só se vêem aqui mesmo. Inclusive o sertão, onipresente sertão, carregado por duas a cada cinco pessoas que vêm para SP.

Dina

gio disse...

bem.. eu voltei a minha terra. mas ainda sinto um sertão enorme dentro de mim. é que meu coração nunca pertenceu a esse pedaçinho de chão. daqui só trago minha família dentro do peito, mas eles sempre estiveram tatuados em mim. e eu tenho cede de sair e ir buscar meu caminho, construir minha trilha...//

e como há infinitos maiores que outros, assim tbm é com os sertões. o sertão da paraíba, dos amigos, do amor...// tou de endereço novo.vide link

mi-al | Homepage

gio disse...

cede? oh, deus, alguem tem que ceder..

tenha medo

gio disse...

eita! foi mal. ontem eu só dei furo! falei cede (de ceder, dar) em vez de sede (ânsia, desejo ardente) e citei um nome errado no 6boca. ai ai... meu tico e teco estão mesmo no fimmm.

mi-al

gio disse...

Atualiza isso.

Andrei